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terça-feira, 11 de dezembro de 2012
Hino da Liberdade
domingo, 9 de dezembro de 2012
A defesa de um terrorista ( Emile Henry)
O que vou dizer-lhes não é uma defesa. Não estou tentando escapar do castigo imposto pela sociedade que ataquei. Além do mais, só reconheço um tribunal capaz de julgar-me - eu próprio - e o veredicto de qualquer outro não tem nenhuma importância para mim. Desejo apenas dar lhes uma explicação sobre os meus atos e dizer-lhes como fui levado a praticá-los.
Faz pouco tempo que me tornei um anarquista. Foi só na metade de 1891 que ingressei no movimento revolucionário. Até então, frequentava ambientes inteiramente imbuídos da moral vigente. Tinha sido educado para respeitar e até mesmo amar os conceitos de pátria, família, autoridade e propriedade. Pois a verdade é que os professores dessa geração moderna esquecem muitas vezes de uma coisa importante: que a vida, com suas lutas e derrotas, suas injustiças e iniquidades, se encarrega de abrir indiscretamente os olhos daqueles que ainda ignoram a realidade. Isso aconteceu comigo, assim como acontece como todo mundo.
Disseram-me que a vida era fácil, que estava aberta a todas as pessoas inteligentes e cheias de entusiasmo; a experiência me ensinou que só os cínicos e os servis conseguiam bons lugares no banquete. Disseram-me que as instituições sociais baseavam- se na justiça e na igualdade; eu observava a minha volta e só via mentiras e falsidade.
Cada dia que passava me fazia perder as ilusões. Por onde quer que andasse, testemunhava sempre a mesma coisa: a miséria de alguns e as alegrias de outros. Não tardei a entender que as grandes palavras que haviam me ensinado a venerar - honra, dedicação, dever - eram apenas máscaras que escondiam a mais vergonhosa baixeza. O dono da fábrica, que amealhava uma fortuna colossal graças ao trabalho de operários que nada tinham, era um cavalheiro; os deputados e ministros, cujas mãos estavam sempre estendidas à espera do suborno, eram homens dedicados ao bem comum; o policial, que experimentava um novo tipo de rifle alvejando crianças de sete anos, cumprira seu dever e era cumprimentado publicamente no parlamento pelo presidente do conselho. Tudo isso me enojava e minha inteligência foi aos poucos atraída pelas críticas feitas à organização social vigente. essas críticas já foram tantas vezes repetidas que não vale a pena voltar a fazê-lo. Basta apenas dizer que logo me tornei um inimigo de uma sociedade que eu julgava criminosa.
Atraído, no início, pelo socialismo não tardei a afastar-me desse partido. Amo demais a liberdade, tenho demasiado respeito pela iniciativa privada e demasiada repulsa pela organização militar para que pudesse me tornar apenas mais um número no exército ordenado do quarto estado. Além disso, cedo que o socialismo não chegava a modificar a ordem estabelecida pois mantinha o conceito da autoridade - e seja qual for a ideia que os livres pensadores autodidatas possam ter a respeito - tal conceito representa a sobrevivência de
uma crença antiquada num poder superior.
Estudos científicos me fizeram ir percebendo o papel que as forças naturais desempenham no universo. Tornei-me materialista e ateu: entendi que a moderna ciência rejeita a hipótese da existência de deus porque não precisa dele. Da mesma maneira, a moral religiosa e autoritária baseada em falsas premissas, também deveria desaparecer. Perguntava a mim mesmo como harmonizar essa nova moral com as leis da natureza, capazes de regenerar o velho mundo, para que fosse possível tornar a humanidade mais feliz. Foi nesse momento que entrei em contato com um grupo de camaradas anarquistas que ainda hoje considero entre
os melhores que já conheci. O caráter desses homens me cativou de imediato. Percebi neles uma grande sinceridade, uma franqueza total, uma vigorosa desconfiança de todos os preconceitos e quis entender as idéias capazes de produzir homens tão diferentes daqueles que eu até então conhecera.
Essas idéias, tal como consegui entendê-las, encontraram em minha mente um solo totalmente preparado - graças a observações e reflexões pessoais - para recebê-las. Elas vieram apenas dar objetividade ao que já existia de forma vaga e indecisa. E, por minha vez, eu também me tornei um anarquista.
Não é necessário que eu desenvolva aqui toda a teoria dos anarquistas. Desejo apenas salientar seu lado revolucionário e os aspectos negativos e destrutivos que me trouxeram a sua presença. Neste momento de amargo e acirrado combate entre a classe média e seus inimigos, sou quase tentado a dizer, como Souvarine em Germinal: "Todas as discussões sobre o futuro são criminosas, já que impedem a destruição pura e simples e retardam a marcha da revolução".
Como contribuição pessoal à luta, eu trouxe um ódio profundo e renovado a cada dia pelo espetáculo dessa sociedade onde tudo é baixo, equívoco e feio; onde tudo serve de impedimento ao fluxo das paixões humanas, aos impulsos generosos do coração, ao vôos livre do pensamento. Desejava golpeá-la com tanta força e tanta justiça quanto fosse possível.
Comecemos com a primeira tentativa, a explosão na Rue des Carmaux. As primeiras notícias sobre a greve me encheram de alegria. Os mineiros pareciam enfim ter abandonado as inúteis greves pacíficas., nas quais o operário confiante espera pacientemente que seus poucos francos triunfem sobre os milhões da companhia. Pareciam ter finalmente escolhido o caminho da violência, que se manifestou decididamente no dia 15 de agosto de 1892. Os escritórios e prédios da mina foram invadidos por uma multidão de gente cansada de sofrer sem protestar; revoltados, os operários estavam prestes a justiçar o odiado engenheiro
quando os mais medrosos decidiram interferir.
E quem eram esses homens? Os mesmos que fazem abortar todos os movimentos revolucionários porque temem que, uma vez livre, o povo não obedecerá mais ao seu comando. Os mesmos que convencem milhares de homens a suportar privações mês após mês para que, ao protestar contra essas privações, possam criar para si uma popularidade capaz de fazer com que se elejam. Tais homens - falo nos líderes socialistas assumiram de fato a liderança do movimento grevista. Imediatamente surgiu na região, uma nuvem de cavalheiros loquazes que se colocavam inteiramente à disposição dos operários, para organizar listas para arrecadação de fundos, arranjar conferências e buscar em todos os lugares possíveis. Os mineiros entregaram a eles toda a organização do movimento e todos sabem o que aconteceu.
A greve continuou, estendeu-se durante dias e os mineiros estabeleceram relações muito íntimas com a fome, que se tornou sua mais fiel companheira. Logo esgotaram a pequena reserva de fundos de seu próprio sindicato e das outras organizações que tinham vindo em seu auxílio, então, ao fim do segundo mês de greve, cabisbaixos e humilhados, voltaram aos poços da mina mais miseráveis do que nunca. Teria sido tão simples no começo atacar a companhia no seu único ponto sensível - o financeiro - queimando os estoques de carvão, destruindo as máquinas e as bombas de recalque das minas. Se tivessem feito isso, a companhia certamente não tardaria a capitular. Mas os grandes pontífices do socialismo não permitiram a utilização desses métodos por serem típicos do anarquismo. Ao lançar mão deles estamos arriscados a levar um tiro e até quem sabe, a receber uma daquelas balas que deram resultados tão miraculosos em Fourmies. Essa não é, certamente, a melhor maneira de ganhar um lugar na câmara municipal ou na assembléia legislativa. Em resuma, após uma interrupção momentânea, a ordem voltou a reinar em Carmaux, uma vez eliminados alguns problemas passageiros. Mais poderosa do que nunca, a Companhia continuou a explorar o povo, e os cavalheiros acionistas cumprimentaram-se pelo feliz desfecho da greve, sentindo um redobrado prazer ao receber seus dividendos.
Foi então que decidi introduzir naquele concerto de sons tão alegres uma voz que os burgueses já conheciam, mas que julgavam ter morrido em Ravaxhel: a voz da dinamite.Queria mostrar à burguesia que, partir daquele momento, seus prazeres já não seriam tão completos, que as vitórias insolentes seriam perturbadas, que o bezerro de ouro balançaria violentamente no pedestal até o golpe final, que o faria rolar em meio ao sangue e à imundice. Ao mesmo tempo, desejava fazer com que os mineiros entendessem que só há um tipo de homem capaz de se preocupar sinceramente com os seus sofrimentos e dispostos a
vingá-los: os anarquistas. tais homens não ficam sentados no parlamento como o Sr Guesde e seus associados, mas, marcham até a guilhotina.
Assim, preparei uma bomba. Num certo momento, lembrei-me da acusação que havia sido feita
em Ravachol. E as vítimas inocentes? Mas logo resolvi esse problema. Os edifícios onde a Companhia Carmoux mantinha seus escritórios eram habitados apenas por burgueses: não haveria,
portanto, vítimas inocentes. Todos os burgueses vivem da exploração dos menos afortunados e
justos e deveriam pagar pelo seu crime; Assim, foi com a mais absoluta confiança na legitimidade do meu ato que deixei a bomba diante da porta dos escritórios da Companhia.
Já falei aqui sobre a minha esperança de que, caso fosse descoberta antes de explodir,
minha bomba acabaria por detonar na delegacia, aonde aqueles que por acaso viessem a
sofrer ferimentos também seriam inimigos. Tais foram os motivos que me levaram a cometer
o primeiro atentado de que sou acusado.
Vejamos o segundo: o incidente no Café Terminus. Eu acabara de voltar a Paris na época do
caso Vallant e fora testemunha da terrível repressão que se seguiu à explosão no Palácio
Bourbon. Vi as medidas draconianas que o governo decidiu tomar contra os anarquistas.
Havia espiões, buscas e prisões por toda parte. Um grupo de indivíduos detidos indiscriminadamente, arrancados de seus lares e jogados nas prisões. Ninguém se preocupou em saber o que aconteceria às suas esposas e filhos enquanto esses camaradas permanecessem confinados. O anarquista já não era mais considerado um ser humano, mas uma besta selvagem que devia ser caçada sem tréguas enquanto a imprensa burguesa, escrava da autoridade, exigia em altas vozes que todos eles fossem eliminados. Ao mesmo tempo, panfletos e papéis libertários eram confiscados e aboliu-se o direito de reunião. Pior do que isso: quando parecia aconselhável livrar-se de um camarada, um informante deixava no seu quarto um pacote que, segundo ele, continha tanino; no dia seguinte procedia-se a uma busca com um mandato datado do dia anterior e encontrava-se uma caixa com um pó suspeito. O camarada era então levado a julgamento e condenado a 3 anos de prisão.
Se quiserem saber se o que digo é verdade, perguntem ao espião miserável que consegui penetrar na casa do camarada Merigeaud!
Mas tais métodos eram válidos pois atacavam um inimigo que havia espalhado o medo, e todos aqueles que tinham tremido de pavor queriam agora demonstrar coragem. Como coroamento dessa cruzada contra os heréticos, ouvimos o Ministro do Interior, Sr. Reynal, declarar na Câmara dos Deputados que as medidas tomadas pelo governo tinham implantado o terror entre os anarquistas. Mas isso ainda não era suficiente: um homem que nunca havia matado ninguém foi condenado à morte. Era necessário mostrar ravura até o fim, e numa bela manhã ele foi guilhotinado. Mas, senhores da burguesia, ao fazer tais planos, vocês esqueceram do principal, prenderam centenas de homens e mulheres, violaram dezenas de lares, mas, fora dos muros da prisão, ainda restavam homens que vocês desconheciam eque observavam, escondidos nas sobras enquanto vocês caçavam anarquistas, esperando apenas o momento propício para que eles, por sua vez, pudessem caçar os caçadores.
As palavras de Reynal eram um desafio arremessado aos anarquistas. O desafio foi aceito. A bomba encontrada no Café Terminus é a resposta a todas as violações à liberdade, às prisões, às buscas, às leis contra a imprensa, às deportações em massa, às guilhotinas. Mas - perguntarão vocês - por que atacar os pacíficos clientes de um café que estavam apenas sentados ouvindo música e que, não eram nem juízes, nem deputados, nem burocratas? Por quê? É muito simples. Os burgueses não faziam distinções entre os anarquistas. Vailant, um homem que agia sozinho, jogou uma bomba; mais da metade de seus camaradas nem ao menos o conhecia mas isso não teve nenhuma importância; era uma perseguição em massa e qualquer pessoa que tivesse ligações com os anarquistas, por menor que fossem, deveria ser caçada. E já que vocês responsabilizam todo um partido pelas ações de um só homem atacam indiscriminadamente, nós também atacaremos sem escolher as vítimas. Acham talvez que devêssemos atacar somente os deputados que fazem as leis contra nós, os juízes que aplicam essas leis, à polícia que nos prende? Não concordo. Tais homens são apenas instrumentos. Não agem em seu próprio nome. Suas funções foram criadas pela burguesia como uma forma de defesa. Não são mais culpados que qualquer um de vocês.
Esses bons burgueses que não tem qualquer cargo público, mas que colhem seus dividendos e vivem ociosamente graças aos lucros obtidos com o trabalho árduo dos operários, eles também devem sofrer a sua quota de vingança! E não só eles, mas todos aqueles que concordam com a ordem vigente, que plaudem os atos do governo e assim se tornam seus cúmplices; os funcionários que ganham três ou cinco mil francos por mês e que odeiam o povo com fúria ainda maior que a dos ricos, aquela massa estúpida e pretensiosa de gente que sempre escolhe o lado mais forte - em outras palavras, a clientela diária do Terminus e de outros grandes cafés! Foi por essa razão que ataquei ao acaso e não escolhi as minhas vítimas.
Devemos fazer com que a burguesia entenda que aqueles que sofrem estão enfim cansados de sofrer. Começam a mostrar os dentes e quando atacarem serão tanto mais brutais quanto tiver sido a brutalidade usada contra eles. Eles não têm nenhum respeito pela vida humana porque os próprios burgueses já desmonstraram que não se preocupam com ela. Não cabe aos assassinos responsáveis por aquela semana sangrenta e por Fourmies considerar que os outros são os assassinos.
Não pouparemos as mulheres e crianças burguesas porque as mulheres e crianças daqueles que amamos também não foram poupadas. Não deveríamos incluir entre as vítimas inocentes, as crianças que morrem lentamente de anemia nos cortiços porque não há pão em suas casas? As mulheres que vão se tornando cada vez mais pálidas trabalhando nas fábricas, esfalfando-se para ganhar alguns tostões por dia e podendo se considerar felizes se a pobreza não as levar à prostituição? Ou os velhos que foram tratados como máquinas durante toda a vida e que agora são lançados ao monte de refugos nos asilos, quando já não têm mais forças para trabalhar?
Tenham ao menos a coragem de assumir seus crimes, cavalheiros da burguesia, e reconheçam que nossas represálias são totalmente válidas. É claro que não tenho ilusões.
Sei que as massas ainda não estão preparadas para entender meus atos. Mesmo entre os operários pelos quais lutei, muitos ainda serão enganados pelos jornais e me condenarão como a um inimigo. Mas isso não importa. Não estou preocupado com o que os outros pensam de mim. nem ignoro o fato de que há muitos indivíduos que se dizem anarquistas mas que se apressam a negar solidariedade aos que pretendem difundir a ação. Eles procuram estabelecer uma diferença sutil entre os teóricos e os terroristas.
Demasiadamente covardes para arriscar a própria vida, negam aqueles que têm essa coragem. Mas a influência que pretendem exercer sobre o movimento revolucionário é absolutamente nenhuma. Hoje o campo está aberto à ação, sem fraquezas ou desistências.
Certa vez Alexander Herzen, o revolucionário russo, disse: "devemos escolher entre duas coisas: condenar e marchar para frente ou perdoar e dar meia volta no meio do caminho".
Não pretendermos nem perdoar, nem voltar atrás e marcharemos sempre para frente, avançando até que a revolução, objetivo final de todos os nossos esforços, finalmente aconteça para coroar nosso trabalho com a criação de um mundo livre.
Nessa guerra sem piedade que declaramos contra a burguesia, não queremos que ninguém tenha pena de nós. Matamos e sabemos suportar a morte. É portanto com indiferença que aguardo a sentença. Sei que minha cabeça não será a última que vocês cortarão: outras ainda irão rolar, porque os que morrem de fome começam a aprender os caminhos que levam aos cafés e aos restaurantes, aos Terminus e Foyots. Outros nomes serão acrescentados à lista sangrenta dos nossos mortos. Vocês podem ter enforcado em Chicago, decapitado na Alemanha, garroteado em Jerez, fuzilado em Barcelona, guilhotinado em Montbrison e Paris,
mas nunca conseguirão acabar com o anarquismo. Suas raízes são demasiadamente profundas, ele nasceu no coração de uma sociedade que está apodrecendo e se desintegrando.
Representa todas as aspirações libertárias e igualitárias que se levantam contra a autoridade. Está em toda parte, o que faz que seja impossível controlá-lo. Acabará por matá-los a todos!
Emile Henry (in A Gazeta dos tribunais, 27-8 abril,1894.)
sábado, 1 de dezembro de 2012
Se achar bonita
Quando tudo ao seu redor te diz o contrário:
Zé povinho falando pra você emagrecer,
Aí você abraça as ideia dele,
Como se fosse ruim ser grande
Tem gente que é gorda de nascença sabia?
O meu corpo, carrega minha história,
Cada marca, estria, celulite, ruga, cicatriz que eu tenho
São marcas da vida, da vivência, do viver...
Mas eu tava falando,
Que é difícil se achar bonita,
E quando a gente começa a se sentir assim, bonita
A gente percebe que,
Se aceitar
É fazer uma revolução!
Falando nisso...
Quando outra pessoa se incomoda com a sua revolução é porque ainda não há coragem nela para se auto revolucionar, pois não é um processo fácil, é difícil e doloroso, em conversas percebemos vários aspectos, inclusive feministas, concebidos APENAS por pessoas magras cara, porque insistimos que o pessoal é político, assim como acreditamos que relacionamentos amorosos, amizades e QUALQUER relacionamento interpessoal é vivência e prática política sim. Pois nessas circunstâncias é onde reproduzimos o que aprendemos, o que estamos devolvendo as pessoas, e cara na moral não é fácil...
Percebemos várias feministas que ridicularizam ou simplesmente banalizam conversas e visões críticas sobre relacionamento, com seu discurso altruísta sobre, como estou acima dessas relevâncias, a classe social vem ANTES DE QUALQUER COISA, e não adianta ir contra esse FATO. São muitos fatores que namoram entre si, é complicado porque percebo que nessa miscelânea de fatores que citei é aí que congestionamos, porque por muitas vezes não há trabalhos de base,de formação, e aí incluo o seu irmão, o seu namorado, o seu pai e até o cara que mexeu com você na rua, tá ligada mina???
Por que não há só a questão de que o cara quer você como prisioneira dele, e sim porque sabe como você é linda tanto fisicamente, quanto intelectualmente, que não quer que qualquer imbecil lhe faça algum mal, porque ele ama você isso é protecionismo, não vejo ele com bons olhos e deixemos claro nosso posicionamento. Mas que o fato de tal percepção nos coloque num papel um pouco mais adulto e realista de parar de enxergar qualquer homem como inimigo, como reaça e como machista imutável, me percebi intolerante e autoritária, sim sou oprimida e minha voz por várias vezes só é ouvida no grito, porém a cultura do grito, desvaloriza as nossas idéias tão ricas em relacionamentos interpessoais pois, o grito agride.
Sei da minha dificuldade com grito, pois eu grito mesmo, a minha indignação me assiste, mas é preciso usar a dosagem do bom senso e crítico também parceira. Não acreditamos numa cartilha pré-definida muitas vezes por feministas européias, ou por feministas com realidades diferentes da nossas...é necessário um reflexão sobre isso e na boa é um tapa na cara e não é fácil admitir,certo????
Por várias vezes usei a palavra "fácil" por aqui, porque é a palavra que em questões políticas que é a menos amiga, rs. Sei que quando nos negamos a aceitar qualquer tipo de opressão ficamos praticamente sozinhas, pois é difícil existirem de fato companheiros feministas, mas também sentamos o rabo numa zona de conforto, querendo algo pronto, sendo que talvez se nós FEMINISTAS não tivéssemos tido qualquer envolvimento com o estudo político, seriamos mulheres machistas felizes em nossos casamentos e namoros concebidos e idealizados por uma sociedade patriarcal. Acho até prepotência e mimo da nossa parte esse tipo de exigência, sabe porque, eu MULHER FEMINISTA, me percebi detectando todos os fatos machistas em meu relacionamento com meu companheiro, em que gritei seu machismo aos quatro ventos, mas talvez conte nos dedos as vezes em que eu dei alguma formação política, ou sentei num dia amena e de mais amor para estudarmos JUNTOS o feminismo, saca ????
Só denunciar o fato opressor, não o elimina. Há a necessidade de um amadurecimento feminista nesse aspecto, para que nossa luta avance, e para que os homens se sintam incluídos e que o o feminismo é para eles também. Percebo meus amigos libertários oprimidos por feministas, com medo de falar que acha bonito ou sexy - e sim sexy é diferente de sensualizar seus atos - unhas vermelhas, porque alguma mina imbecil e sectária acha que o cara está sendo machista...
Se o feminismo é o contrário de machismo que tratemos ele como ele é para mulheres e HOMENS. Porque espaço seguro NÃO EXISTE.e enquanto vc tratar caráter pelo gênero, eu não quero, não somo com você e não me sinto representada por tais idéias "feministas" porque essas são práticas imaturas e ingênuas, porque quando você mina pobre, negra, gorda, sabe que o contexto de CLASSE SOCIAL entra antes de qualquer contexto e se não houver estudo e compreensão disso, nossa luta ???
Vai ser utópica mesmo.
Extraído de:
http://gordasefeministas.blogspot.com.br/2012/11/se-achar-bonita.html
segunda-feira, 16 de julho de 2012
VIVER HARMONIOSAMENTE...
A covardia mental é a mais poderosa das armas reacionárias.
O caminho único do gênero humano, si não queremos ser devorados pela reação, pejada de violência cientifica e tecnocracia – é a “suprema resistência” à covarde domesticidade e à imbecilidade humana, aos exploradores da consciência, aos vendilhões de todos os templos.
Não sejamos livres-pensadores de rebanho, desses que protestam entre amigos, no seio da família ou nos recintos das Lojas teosóficas ou maçônicas, mas, casam-se na Igreja, são devotos de Sta. Terezinha, batisam os filhos, servem de padrinhos e testemunhas de casamentos, mandam rezar missas pelos seus mortos, celebram funeral religioso, confessam-se. Comungam na hora das aperturas, ou dão dinheiro para as cerimonias da Igreja, sob a capa covarde de dever social.
E, o que é pior, educam os filhos nos colégios religiosos e assistem à sua primeira comunhão – porque é “chic” e elegante e pretexto para reuniões mundanas.
A cada instante, ouço dizer que nem sempre a família está disposta a acompanhar os militantes.
E conheço delas que são a negação absoluta das doutrinas pregadas pelos seus chefes. Entretanto, tais militantes procuram ardorosamente fazer prosélitos e exigir que outros companheiros e principalmente outras companheiras se comprometam pela causa que eles defendem.
Essa incoerência equivale à do que prega para o publico, reservando-se o direito de não seguir os seus próprios conselhos.
Si a minha família não quer ou não pode seguir os meus sonhos de libertação humana, um dilema traça à minha consciência uma base de conduta. Si sou fraca e dominada pelos sentimentos afetivos limitados ao egoísmo da família de sangue – que nem sempre é a nossa família – que nem sempre é a nossa família – não tenho o direito de pregar ou exigir dos outros, aquilo que eu mesma não fui capaz de realizar. Retiro-me. Não me posso fazer agitador e militante.
Nada posso exigir, si não dou exemplo integral.
O segundo caminho é mais íngreme, é mais doloroso, é mais escarpado: coloco os interesses humanos, coloco a minha consciência acima da família, não a acuso nem defendo e reivindico para mim o direito á deserção.
Isolo-me da família e, pelo exemplo, demonstro que vivo individualmente em harmonia comigo mesma e ponho de acordo o pensamento e ação.
Não tenho o direito de impor ou exigir nem da família nem do próximo.
Mas, tenho o dever de reivindicar os meus direitos individuais, de ser livre, de desertar, de fugir de todos os detetives morais, cuja missão é dominar, é escravizar – para reduzir à rotina, à imbecilidade, à cretinice e à covardia.
Muitos menos me assiste o direito de formar uma família cuja educação eu descurei, e depois, vir impor o meu pensamento ás famílias dos outros, buscando prosélitos ou exigindo de outros consciências o lema das minhas verdades individuais.
“Cada qual só pode iluminar a si mesmo...” E, antes de exigir d quem quer que seja, eu tenho a obrigação de exigir de mim mesma, cuidando da minha própria realização.
*
* *
Já é tempo de comemorarmos Ferrer de outros modo. Não se educa com discursos. E, si as Escolas Modernas são fechadas pela policia clerical, cada um de nós tem uma pequena escola moderna dentro do lar e ... dentro de nós mesmos.
, si a educação do lar falhou. Repito, só há dois caminhos a seguir – si não queremos corar deante dos olhares perfurados das consciências clarividentes.
Ou resignar-se estoicamente em uma retirada honrosa e profunda iluminar-se a si mesmo, desertando da ação social por incapacidade – preparando-se para uma atitude futura mais coerente com os próprios ideias – e escravizar-se ao afeto da família, por fraqueza confessa, ou – desertar da família.
Ninguém tem o direto de impedir que eu me conheça e me realize – para o gesto individual isolado, para a harmonia integral isolado, para a harmonia integral entre o meu pensamento e a minha ação, e a “suprema resistência” ao espirito de autoridade incrustado no subconsciente da família e da sociedade.
E’ comodismo, quase sempre, essa desculpa de que a família não quer seguir a orientação da corrente ideológica que nos parece verdadeira: pode ter sido o nosso descuido, a nossa incúria, o nosso comodismo a causa do desacordo entre o que desejamos e o contraste dos desejos que orientam os nossos filhos.
E, si não temos confiança na educação, em se tratando da nossa família, é estranho que preguemos essa ou aquela educação para as famílias dos outros.
Gandhi acaba de dar ao mundo o mais belo, o mais heroico, o mais eficaz dos exemplos: perguntaram-lhe quais seriam os continuadores da sua obra de “suprema resistência” à reação burguesa-capitalista para a libertação da India, Gandhi respondeu: - a minha companheira e os meus filhos. Só assim temos o direito de procurar persuadir a companheira e os filhos dos nossos camaradas. Ou então, desertar...
Sejamos os desertores da família, os desertores sociais, o individualista livre – para pensar e sonhar e viver em harmonia com a nossa própria consciência.
Esperamos sempre que outros façam aquilo que nos dá prazer ou que não fomos capazes de realizar.
E’ utópica a sociedade ideal, sonhada pelos sonhos de equidade, enquanto não tenhamos, nós mesmos, realizado, dentro de nós, esse ideal e essa equidade.
Cada qual pode resolver o milagre de realizar o homem perfeito ou a mulher emancipada que as nossas ilusões criam no tipo futuro das sociedades ideais.
Conhecer-se ... educar-se... realizar-se ... Só pode semear, quem já colheu de si mesmo.
Para educar, é preciso ter-se educar a si próprio, na tortura gloriosa do domínio das paixões e dos espirito de autoridade.
Longe de mim a ideia de exigir a perfeição próximo, si u reconheço todas as minhas fraquezas e todos os meus defeitos, si me envergonho de não ter podido ainda burilar as arestas grosseiras da minha astuta interior e me apresentar em publico digna dos mais altos sonhos de beleza que palpitam dentro de mim.
Mas, quem pode afirmar que a minha vida não tem sido um esforço continuo para me conhecer e para me realizar?
Por isso mesmo, a maior homenagem que podemos prestar a Ferrer, como a todos os apóstolos e mártires do ideal de emancipação humana – pela educação – é a busca interior, é a realização da própria consciência no anseio do conhecimento – para o exemplo da força e do poder por sobre nós mesmo, na escalada de uma consciência sempre mais alta – voltada para o Amor e a Sabedoria.
“Conhece-te a ti mesmo”. Ainda é a divisa do Templo de Delfos.
“Conhece-te a ti mesmo” – “para aprenderes a amar” – é a suprema sabedoria, na escalada suprema em busca dos abismos de lus da nossa consciência profunda.
Cada um de nós tem seu caminho, as suas verdades, e sua vida...
Que cada qual se ilumine a si mesmo e realizará o milagre sem par de iluminar, pelo exemplo, as verêdas de todos os jovens corredores da lenda.
Só crio nessa educação...
Só crio nessa revolução...
Livro: Ferrer o Clero Romano e a Educação Laica
Autora: Maria Lacerda De Moura
Paginas: 81 á 90
Ano: 1934
sexta-feira, 13 de julho de 2012
A ALMA FEMININA E’ A PRESA DILETA DAS GARRAS DO CLERO
Todos reivindicam a escola, como arma voltada para o futuro das suas ambições.
Todos querem todos se arrogam o direito à exploração da alma da criança.
E, no momento histórico que atravessamos, já o clero brasileiro se arregimentou para poluir a alma das gerações novas – através de ensino católico na escola nacional.
A mais alta homenagem que os intelectuais livres e proletários conscientes poderiam prestar a Ferrer, seria defender os filhos e a escola das garras do fascismo e do clericalismo, resíduos teratológicos da monstruosidade de uma evolução às avessas.
O mais, pensamento sem ação, discursos sem expressão na vida – palavras que o vento leva, orações vazias ou atitudes de políticos profissionais, demagogias retumbante de sons vazia de sentido, na exploração oportunista, para galgar posições ou satisfazer a vaidade pequeninas – através das multidões que aplaudem os histriões e os demagogos, tiranos e magaretes de carne humana.
falar apenas, é exibição ridícula. Estamos todos fartos de ouvir dissertar em torno de ideias maravilhosas e ver praticar as mais torpes baixezas.
Os homens já sabem ler no rosto uns dos outros a falsidade e o tartufismo.
Por que continuar eternamente a indignidade dessa comedia repugnante?
Os tempos são chegados de se colocar cada qual na arena ao lado de um dos dois exércitos gigantescos da moderna cruzadas.
Um deles defende a civilização do bezerro de outro, o progresso material, a técnica industrial, o passado, a Rotina, a Reação, a Autoridade da Fé Fascista ou Racista.
O outro saúda, nobremente, heroicamente, o alvorecer de uma Alba Nova – para respeito à vida, para o advento da Liberdade individual e a livre expansão da consciência Humana.
Não ha meio termo. Quem cala, acovarda-se, e é apostata de si mesmo.
Porque, a covardia e a imbecilidade humana não mais podem descer... rastejaram aos últimos degraus da baixeza e da miséria moral.
Honro-me, neste momento, de ocupar o lugar a que tenho direito, como consciência livre de quaisquer muletas, frente a todos os detetives sociais.
Honro-me de prestar a Ferrer a homenagem publica da minha imensa admiração.
Como mulher, sou-lhe profundamente reconhecida pela nobreza e pelo carinho com que pugnou pela educação racional feminina, para arrebatar o cérebro e o coração da mulher das garras do dogma, da superstição e da ignorância.
Demais, algumas mulheres notáveis, participarão da obra do eminente educador. E a sua gratidão e a sua ternura a Mlle. Meunier e a Soledad Villafranca, fazendo-as suas colaboradoras e considerando-as sempre com iguais direitos e como indivíduos de credor do afeto e do reconhecimento da mulher consciente.
Dizia o apostolo do ensino racionalista, referindo-se à mulher, que o mundo só caminhará para uma evolução mais alta, quando realizar o matriarcado moral, isto é, quando o impulso sentimental feminino contribuir diretamente para a conquista da consciência.
Como Ferrer compreendia a necessidade urgente de tirar partido da energia conservadora da mulher, não para cristalizar o seu pensamento em formulas rotineiras, mais para desperta-la para a vida e para beleza!
Explica a antítese flagrante, funda, repugnante na maioria dos seres humanos, homens mulheres, entre a inteligência e a vontade, donde derivam todos os males que nos oprimem, explica-a na origem do sentimento materno deturpado pela educação clerical.
Diz ele: “Esse sedimento primário dado por, nossas mães é tão tenaz, tão duradouro, converte-se de tal modo em medula de nosso ser, que, energias fortes, caracteres poderosamente reativos que hão retificado sinceramente de pensamento e de vontade, quando penetram de vez em quando recinto do eu, para fazer inventario de suas ideias, topam continuamente com a mortificante substancia de jesuíta que lhes comunicara a mãe.”
Essa é a tonica predominante da Obra de Ferrer: o desvelo com que ardorosamente procurou fazer sentir a necessidade arrebatar a alma feminina das garras do clericalismo voraz.
Queria a educação racional, mais, não podia dispensar, na mais vasta cultura, o sentimento humano. Porque, si Ferrer não disse, o pressentia com Rebelais: “ Ciência sem Consciência é a Ruína da alma.”
Livro: Ferrer o Clero Romano e a Educação Laica
Autora: Maria Lacerda De Moura
Paginas: 75 á 80
Ano: 1934
quinta-feira, 12 de julho de 2012
VERSOS PARA O INTERNACIONALISMO
Entre o povo harmonia.
E nos lábios d@ operári@
Um sorriso de anarquia.
Trabalhamos em conjunto
Respeitando a sociedade
Que, com força, construímos
Ao buscar a liberdade.
Já findamos monopólios,
Hoje a terra é coletiva.
Nosso bem é bem de tod@s.
É de tod@s boa vida!
Hierarquias derrubadas,
Nada abaixo ou acima!
Ambiente igualitário
Com o fim da tirania.
O trabalho é ferramenta
De igualdade, de prazer!
Pois com ele permitimos
Que tenhamos mais lazer
E com a força do trabalho,
Que hoje é horizontal,
Produzimos mil sorrisos
Com o fim do patronal.
Sem fronteiras, sem barreiras
Que nos possam separar,
O lugar em que me encontro
Também é vosso lugar.
Numa paz jamais sentida
Quando então havia Estado,
Nós brindamos alegrias
Ao Socialismo Libertário!
Por Mao Punk
http://oourodamiseria.blogspot.com/
Da Falta de compromisso ao autoritarismo da disciplina
Ao assumir como anarquistas, muitos sem muitas referências culturais, históricas e sem se preocupar em entende-las, assumem a primeira rotulagem empregada e ao afirmarem anarquistas, estão na verdade, dizendo liberais, que não querem assumir nenhum compromisso social e só satisfazerem suas necessidades, sem nenhuma preocupação ao redor. Qualquer insinuação que é necessário agir de forma coletiva, ter compromisso social e uma associação com outros indivíduos para abolir a opressão e exploração, respondem com desconfiança e se afastam das lutas sociais de emancipação. Em muitos casos, agem de forma rebelde mas sem ser revolucionária e se tornam um nicho de mercado, com visuais próprios, linguagens, sons e estéticas estereotipantes, mas que continuam dentro de uma lógica de mercado, consumindo-se em toda uma rebeldia sem sombra de rompimento com o modelo dominante.
Podemos identificar também em outros casos, uma enorme dedicação no uso de entorpecentes lícitos e ilícitos, uma veneração por shows e eventos culturais e esportivos, mas quando se trata de assumir compromisso com ações simples, manifestações construtivas de uma nova proposta social, anarquista, sem lideres, de forma autogestionária, onde cada um é responsável conjuntamente do processo, poucos conseguem manter o compromisso de agir, de se manter dentro de uma metodologia anarquista, onde o equilíbrio e o respeito para com a vida, com os outros sere vivos é deixado de lado por um vício qualquer ou alguma ilusão capitalista.
Disso leva a um outro extremo que é a “disciplinamento do movimento anarquista”, onde a influência partidária e hierarquizante está muito presente. Em documentos, podemos ler que se descrevem como uma “minoria ativa”, que lembra a um trotskismo mal disfarçado. Usam de conceito “disciplinares”, como se ao usar um processo disciplinador e organizado sobre seus militantes compensasse o vazio da falta de compromisso desses militantes. É uma herança autoritária que devemos banir de nossos meios, assim como o liberalismo e a libertinagem que erroneamente se associam ao anarquismo. Em nenhum desses casos, os meios levaram aos fins que propomos, de uma vida sem opressão e sem exploração, onde cada ser vivo é igual a outro, e o fim de todas as classes sociais.
Na construção do anarquismo, devemos gerar, usar e compartilhar um compromisso pela erradicação das classes sociais, da abolição da propriedade, do fim da herança, produção e distribuição de riqueza entre tod@s na satisfação de suas necessidades. E nesse sentido, nenhuma disciplina pode ser aceita, já que pode ser usada como meio de controle sem nenhum compromisso, e como anarquistas, é algo inaceitável. Nos educando sempre, evitamos a necessidade do mandar e obedecer, mesmo de organizações que se digam “anarquistas organizadas”. Lutamos contra isso, e é sempre importante lembrar que qualquer união de pessoas, de base igualitária e princípios anarquistas já é uma organização. O fato de se reafirmar o caráter organizativo no meio anarquista; enfatizar que são “anarquistas organizados”, serve como um meio de segregação tipico de uma “partidarização” e vemos com grande decepção que em muitos casos conseguem se aliar com mais facilidade com partidos políticos do que com outros grupos anarquistas.
Entenda-se de resumo que nem a esbórnia leviana que muitos fazem pode ser considerada como parte de um movimento anarquista e nem uma rígida estrutura de alguns “iluminatis” anárquicos cheirando a troskalha pode igualmente ser levada como o movimento anarquista. Em ambos, há muito excesso, de uma lado, de uma total falta de compromisso com a luta e pelo outro de uma disciplina alienante em que o militante deixa de entender o que faz em prol de uma “organização minoritária vanguardista” ou em seus termos “minoria ativa” ou “agentes do vetor social”.
Dessa reflexão, chama-se a reflexão a história do anarquismo, da luta de nossa gente e de que nossos interesses em nada tem em comum com partidos, com o Estado, com religiões.
Nos vemos nas ruas, com compromisso, sem disciplina e sem irresponsabilidade!
sábado, 7 de julho de 2012
A covardia mental dos anti-clericais católicos...
A homenagem máxima que nós autros podemos prestar a Ferrer, à sua vida heroica é não pactuar com os erros e os crimes de lesa-felicidade, sendo cumplices da reação clerical e da superstição dogmática dos que sufocam a razão humana e manietam a livre expansão da consciência.
Não sejamos maçons, ateus ou livres-pensadores de fachadas, discutindo problemas transcendentais apenas dentro de “lojas”, e educando (!) os filhos nos colégios de padres ou freiras, deixando que o clero todo poderoso e astuto se apodere das almas, da consciência, da dignidade humana das mulheres e das crianças, afins de cultivar a ignorancia – na rêde da imbecilidade e do servilismo, no acarneiramento da domesticidade – para aprisionar toda a sociedade dentro dos cofres fortes do poder temporal dos magnatas e dentro do tartufismo espiritual da Santa Madre Igreja Catolica Romana.
A força do clero reside nas concessões de todos os livres-pensadores de rebanho, machos e ateus que frequentem a Igreja – por dever social...
Não nos rotuleos de anti-clericais indo à missa açambarcador, comparecendo a batizados ou entronizações de santos, ou TE-Deum ou procissões, casamentos religiosos ou extrema-unção – multiplicando o numero de covardes mentais que pasmam as suas ações em desacordo com as suas ideias, porque seremos responsáveis pelo fascismo, pelo terror que, como um polvo, ameaça garrotear a liberdade e estrangular a consciência.
Nenhum de nós seria capaz de sair daqui para assistir um fuzilamento de uma criatura humana, por mais víl bandido que fosse, porquanto nos repugna o espetáculo do martírio de quem quer que seja.
Pois bem: vai-se à igreja por dever social, sabendo-se que o seu papel ´o abastardamento da consciência, certos de que as virtudes teoligais são a hipocrisia, o tartufismo e a cupidez, cientes de que o clero sufóca as energias latentes do indivíduo, cultiva calculadamente a ignorância e é sustentáculo da perversidade, moralmente, legalmente organizada. O crime da Igreja, massacrando as energias latentes da juventude e acovardando a consciência humana é muito mais feroz, é muito mais repugnante que o crime da policia fuzilando o corpo.
Porque a mim me poderiam tirar a vida, mais, ninguém, absolutamente ninguém me pode fazer a voz da consciência.
E a coragem de convicções se imortaliza na vida intelectual, embora todos os fuzilamentos.
Chegamos à fatalidade inexorável do dilema: ou nos acovardamos deante da invasão clerical internacional, ameaçando-nos com todas as torturas físicas e morais da inquisição moderna, quiçá mais perversamente requintada, ou teremos de assumir a atitude digna e nobre e heroica de um Ferrer, para opôr um dique moral ao extravasar da loucura e da ferocidade clerical piedosa – a querer ressuscitar a noite de mil anos dos Torquemadas e dos Autos da Fé.
Livro: Ferrer o Clero Romano e a Educação Laica
Autora: Maria Lacerda De Moura
Paginas: 71 á 74
Ano: 1934
terça-feira, 26 de junho de 2012
A FARSA ELEITORAL
Emprega-se hoje< geralmente, esta expressão para designar, em sentido restrito, a ação classe operaria, sem interpostas, pessoas, com os meios que lhe são próprios (greve, boicotagem, sabotagem, etc.).
Mas analisando a ideia, vê-se facilmente que a ação sem interpostas pessoas, isto é, sem delegação de poder, tem aplicação em todos os campos, no econômico e no politico, tanto contra patrões como contra as autoridades; abrange várias formas de atividade e resistência e não é senão o anarquismo considerado como método.
E o método é o mais importante par um partido ou movimento, o que, sobretudo o distingue, pois não basta boas intenções: é preciso saber o meio de as pôr em prática, de lhes dar realidade, A máxima: Todos os caminhos vão dar em Roma – não tem senso comum. Há os que vão dar a um abismo. A ação direta, no sentido mais largo, pode ser violenta ou pacífica, individual ou coletiva, mas deve sobretudo ser contínua, de cada dia, em qualquer das suas formas, e em todas as duas fases, propaganda, organização, realização.
Agindo-se, praticam-se erros, dão-se passos falsos, golpes incertos. Quem caminha arrisca-se tropeçar; sobretudo quando se começa a falta à experiência, a musculatura e elasticidade. Mas todos esses erros, incertezas, inabilidades, tropeços, são corrigidos pelo exercício, pela própria pratica da ação, pela critica serena e acertada. Pensamento e ação.
O que é necessário ter bem presente é que a ação não pode ser substituída. Só a ação produz o fato, só ela mantém, Até os conservadores inteligentes o reconhecem (exemplo: Jean Cruet, A vida do direito e a impotência das leis).
Ainda suponho que a lei não fosse a expressão das classes dominantes, pelo monopólio da riqueza, do poder e da influencia, ela seria pelo menos inútil, pois viria reduzir a fórmulas estreitas e incompletas, permanentes de cada individuo e das coletividades interessadas origina e alimenta, em cada minuto e em cada metro quadrado de território. Todos os dias vemos direitos, escritos nas leis, desprezados por falta de resistência, E a lei é a mesma!
E é ainda necessário evitar o que pode contradizer desviar, diminuir a ação direta, a emancipação por suas próprias mãos. Nos queremos uma revolução social, isto é, não “emancipar o povo”, mais que ele se emancipe, tome conta dos seus direitos, não se deixe roubar e mandar, não delegue poderes, organize e administre diretamente a produção.
Ora, nada ataca mais esta obra de emancipação própria, de esforço pessoal, do que o parlamentarismo e o eleitoralismo, desvio de energias e de organização, portas abertas a todas as corrupções, a toda infiltrações de ideias e interesses estranhos.
Não Vote! Se for pra voltar, Vote NULO e não se iluda, Vote NULO e vai pra LUTA!
“A nossa classe nada tem nada o que perder, a não ser as algemas!”