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sexta-feira, 11 de janeiro de 2019

PORQUE ODEIO ESTA SOCIEDADE

     A sociedade em que vivemos é muito interesseira: tudo se faz pelo maldito dinheiro e pela ambição  de ser mais rico do que o outro, de mandar mais do que o outro, de se julgar mais do que o outro, de ser mais  poderoso do que o outro; enfim: tudo pela ambição  do vil metal.
     Um homem manda trabalhar  outro homem; pelo dinheiro manda  matar outro, pelo dinheiro dois homens acusados  de se matarem mutuamente, pelo dinheiro um irmão  assassina outro irmão,  pelo dinheiro um pai mata o filho,  pelo dinheiro um filho assassina o seu pai, pelo dinheiro dois povos se lança em guerra e se trucidar mutuamente pelo mando de dois homens, como está  acontecendo agora com os marroquinos   e espanhóis. E isto sempre  aconteceu em todos os tempos é lugares: os homens  se trucidam só  pela ambição do maldito dinheiro.
     Esta sociedade não pode existir muito  tempo assim porque está cimentada  sobre o crime; uma mulher  vende o seu proprio filho  por dinheiro,  mata seu proprio marido pelo dinheiro, uma mulher  se prostitue pelo dinheiro. Que horror! Quanto crime se prática  nessa sociedade. E tudo pela ambição  do  maldito dinheiro. Que planeta tão raquítico! Que seres ruins produziu!
     Eu odeio essa sociedade porque  a sociedade  me odeia porque  sou anarquista, anti-religioso, anti-militarista, anti-patriota, anti-alcoolista, anti-monetarista, anti-tabaquista, anti-protitutista, anti-politico; enfim,  por ser contra  uma sociedade  infame, hipócrita e falsa.
     E' por isso que o homem que sustenta está  ideia bela e sã que se chama Anarquia está desprezado  por toda a parte, até  pela própria família, no lar paterno, como se fosse um cão leproso... A mim pouco  importa: a minha é  a natural - a Humanidade.

Francisco D. Lozano.
15-9-1909

Extraído
Jornal: A voz do trabalhador
Orgam  da Confederação Operária Brasileira
Ano II - N. 20 redação e administração: Rua do Hospício Ñ. 166, sobrado - Rio de Janeiro
15 de novembro  de 1909

A POLITICA (Santos Barboza)

     A política  ê  a enarnação viva da trampolinice social. Faz-se político todo homem de sentimentos  mesquinhos, despido por completo de toda a dignidade, dos mais rudimentares princípios de humanidade.
     A política  é  uma banca de jogo, onde, saboreando  os frutos colhidos no pomar da ingenuidade popular, os parceiros desfrutam, subvencionados pela burguezia,  o produto do trabalho do suor alheio, por essa mesma burguezia, escandalosamente roubado às classes  trabalhadoras, que  ainda se deixam sujestionar pelas palavras dos heróis dos cem ou cinquenta mil réis por dia, ou a eles pretendentes.
     Por muito  honesto, sincero, digno, que seja o indivíduo transformar-se-á num homem sem escrúpulos, logo que se faça se faça... políticos confesso.

Santos Barboza

Extraído:
Jornal: A voz do trabalhador
Orgam da Confederação Operária Brazileira
Ano: VI
Data: Rio De Janeiro - Brazil - 1 de Setembro de 1913   N. 38

sábado, 5 de janeiro de 2019

Lamentos de uma Burgueza

     Sou uma filha do povo, da classe baixa, sem instrução, mas estes não são motivos para que eu more na mesma casa da busguesia. Entrei como criada e antes dum  mes soube que a burguesa, com todos os seus brilhantes não tinha o que eu tenho, um campanheiro. Se queres saber o que ela tinha, leitor, continua lendo e depois veras se tem razão... Atenção, a burgueza fala, chora e maldiz.
     - Oh! Malditas sejam estas noites de verão em que  acho-me só para aspirar o perfume das flores, ouvir o murmurio das brizas noeturnas das folhagem, semelhantes ao estremecimento de beijos amorosos. Oh! na minha solidão temo o enervante calor das noite de verão: penetra em mim e circula vãmente pelas minhas veias! Tenho 28 anos, o tempo da velhice aproxima-se e nunca tive um só dia de amor e de liberdade. Amor! Liberdade! Hei de viver sem conhecer-vos? Malditos sejam os maridos violentos e libertinos, porque perdem suas mulheres! Amada, respeitada e considerada por meu marido, eu seria casta e boa, mas desdenhada e humilhada tornei-me irascível e vingativa. Não! não! Já resisti bastante ás ancias que me devoram.
     Fugirei desta casa, não sou dona de mim mesma e se meu marido obrigar-me a permanicer ao seu lado é é para gozar dos meus bens! Sim, fugirei desta desta casa, embora tenha que trabalhar. Patrão por patrão, que perderei? Isto é viver? arrastar os meus dias nesta opulenta casa, tumba dourada, cercada de arvores e de flores. Isto é viver? Não! não! Quero viver! quero sair deste sepulcro frio, quero ar, sol, espaço, quero o meu dia de amor e liberdade. Oh! se tornasse a ver aquele jovem que ás vezes passou a madrugada, por baixo deste terraço, onde venho respirardepois das minhas noites de insonia, a frescura matutina, Que belo rosto e que simpatico. Deve ser algum operario. Operario! E que imperta! As amantes do meu marido, muitas também são operarias. Oh! e não hei de ter nunca, por minha vez, um dia de amor e de liberdade?!...

Rosario Cevidani.

Extraido:
Jornal: A Voz do Trabalhador
ANNO I. N.7   Redação e Administração: Rua do Hospicio N. 144, Sobrado - Rio de Janeiro
Data: 6 de dezembro de 1908
Orgam semanal da Confederação Operaria Brazileira
Pagina 3

Extraído
Arquivos: A voz do Trabalhador
Orgam da confederação Operaria Brazileira
Coleção fasc-similar 1908 . 1915
Arquivos Edgard Leuenroth. Unicamp
Imprensa oficial do estado \ Secretaria de Estado da Cultura\ Centro de Memória Sindical
São Paulo - 1985