A sociedade em que vivemos é muito interesseira: tudo se faz pelo maldito dinheiro e pela ambição de ser mais rico do que o outro, de mandar mais do que o outro, de se julgar mais do que o outro, de ser mais poderoso do que o outro; enfim: tudo pela ambição do vil metal.
Um homem manda trabalhar outro homem; pelo dinheiro manda matar outro, pelo dinheiro dois homens acusados de se matarem mutuamente, pelo dinheiro um irmão assassina outro irmão, pelo dinheiro um pai mata o filho, pelo dinheiro um filho assassina o seu pai, pelo dinheiro dois povos se lança em guerra e se trucidar mutuamente pelo mando de dois homens, como está acontecendo agora com os marroquinos e espanhóis. E isto sempre aconteceu em todos os tempos é lugares: os homens se trucidam só pela ambição do maldito dinheiro.
Esta sociedade não pode existir muito tempo assim porque está cimentada sobre o crime; uma mulher vende o seu proprio filho por dinheiro, mata seu proprio marido pelo dinheiro, uma mulher se prostitue pelo dinheiro. Que horror! Quanto crime se prática nessa sociedade. E tudo pela ambição do maldito dinheiro. Que planeta tão raquítico! Que seres ruins produziu!
Eu odeio essa sociedade porque a sociedade me odeia porque sou anarquista, anti-religioso, anti-militarista, anti-patriota, anti-alcoolista, anti-monetarista, anti-tabaquista, anti-protitutista, anti-politico; enfim, por ser contra uma sociedade infame, hipócrita e falsa.
E' por isso que o homem que sustenta está ideia bela e sã que se chama Anarquia está desprezado por toda a parte, até pela própria família, no lar paterno, como se fosse um cão leproso... A mim pouco importa: a minha é a natural - a Humanidade.
Francisco D. Lozano.
15-9-1909
Extraído
Jornal: A voz do trabalhador
Orgam da Confederação Operária Brasileira
Ano II - N. 20 redação e administração: Rua do Hospício Ñ. 166, sobrado - Rio de Janeiro
15 de novembro de 1909