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terça-feira, 4 de outubro de 2016

ABOLIÇÃO LEGAL DO DIREITO DE PATERNIDADE

"Os filhos de minhas filhas, meus netos são;
Os filhos de meus filhos, serão ou não?"
(Reflexões de uma avó ... sabída.)

     De Havana, nos chegaram telegramas alarmantes, e a imprensa comentou em largos protestos, a propaganda apresentada ao congresso Pan-Americano da criança, pelo delegado de Cuba, Dr. Carlos Prestes, no sentido de abolição legal do dinheiro da paternidade ou de se resolver uma questão legal para os filhos naturais.
     Tal proposta foi atacada imediatamente, foi rejeitada in-continenti pelo Congresso, na atitude de defesa quase agressiva dos delegados do Perú e Estados Unidos.
     Consideraram-na como utópica...
     Entretanto, é presumir, saberem aqueles delegados que, biologicamente, todos os filhos são naturais.
     A maternidade é fato verificado, real, natural, e a paternidade é que é utópica... algumas vezes.
     O delegado cubano foi irreverente, declarando, tão alto, uma coisa que estamos cansados de saber.
     Daí, os protestos unanimes, a reivindicação patriarcal de um direito por vezes ridículo, dentro da moral social...
     Os jornais e no próprio Congresso, brandaram o protesto de que essa proposta determinaria a "criação" do regimen do matriarcado, em substituição ao patriarcado.
     Mas, é tão absurdo pretender de uma lei escrita que tenha o poder de "criar" ou determinar o aparecimento de um novo ciclo social, como é absolutamente utópico pretender segurar a sociedade dentro de um regimen cadavérico, fossilizado, impôr o estacionamento, impedir as etapas naturais da revolução.
     Os congressistas contrários á proposta assustaram-se aliás como os jornalistas que a comentaram em nome da gente honesta, certos de que as leis indicadas pelo representante de Cuba viriam a ser um golpe de morte na moral social.
     Primeiramente, não serão as leis escritas, as leis dos homens que darão o golpe de morte nessa moral, já fossilizada e que, por si se destruirá, cedo ou tarde.
     Não serão as leis dos "lycurginhos" modernos que abalarão os alicerces da nossa moral de escravos.
     Façam leis, decretem códigos inteiros ou deixem de as fazer - e os indivíduos continuarão, imperturbáveis, a sua marcha ascendente na espiral da revolução humana.
     Caminhamos para o Matriarcado, quer queiram ou não os paes de verdade, ou os paes de legalidade.

Livro: Amai e... não vos multipliqueis 
Autor: Maria Lacerda de Moura 
Editora: Civilização Brasileira
Páginas: 131 á 133
Ano: 1932