Pesquisar este blog

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Construção do Anarcossindicalismo no Brasil no século XXI

Introdução


A construção do sindicalismo revolucionário, isto é, do

anarcossindicalismo tal como é orientado pela primeira associação

internacional dos trabalhadores (IWA-AIT) é a construção de uma

base sólida e compacta de resistência e avanço pela emancipação não só dos

trabalhadores, mas de tod@s os explorados e oprimidos. Isso de forma direta e

objetiva significa o rompimento com todos os modelos sindicais que estejam e

tenham relação de manutenção e sustentação de qualquer forma de Estado e

do capitalismo e suas variações autoritárias e democráticas.

Trazendo essa base para o Brasil, a construção do anarcossindicalismo

atual é um resgate de um passado de lutas por bem estar e liberdade. A

história oficial nega, omite ou distorce esse fato, chega a propor a inexistência

de uma organização anarco-sindical no Brasil e da luta anarquista, da

capacidade de organização na defesa e luta por bem estar e liberdade e do

avanço na proposta de emancipação do trabalhador por sua própria força e

ação, sem mediadores ou intermediários oportunistas, aventureiros e

aproveitadores das forças dos trabalhadores.

A construção do anarcossindicalismo no Brasil passa por três pontos

importantes: educação, organização e emancipação. E nesse processo é

necessário trazer a experiência dos núcleos pró-COB que desde 1985 tentam

organizar a luta anarcossindical no país com resultados duvidosos.

Avaliado a organização desses núcleos percebe-se fragilidade na

construção do sindicalismo revolucionário, que abriu espaço para que

aproveitadores, sem nenhum espírito libertário, tomassem o controle e o

levasse à propostas reformistas e oportunistas que se adequam ao capitalismo

sem enfrentá-lo decididamente. Após 26 anos, os núcleos pró-COB se mantém

pequenos sem projeção no meios dos trabalhadores, limitados a falas

inflamadas sem práticas expressivas, por falta de uma educação na ação den: 1 0

seus militantes, que sem referências expressivas da história do

anarcossindicalismo brasileiro, tomam como base as práticas de ação do

sindicalismo oficial e dos partidos políticos dentro de uma organização que

deveria ter bases anárquicas claras e objetivas para seus associados.

Disso resulta que a organização anarco-sindical no Brasil é insipiente,

mas contraditoriamente vinculada a IWA-AIT o que mostra grande

desinformação sobre a realidade do anarcossindicalismo no Brasil pelas seções

associadas a IWA-AIT. O que deveria ser uma retaguarda importante para o

crescimento do sindicalismo revolucionário se tornou um obstáculo para o

crescimento do anarcossindicalismo no país, já que os núcleos “oficiais” só

aceitam quem se submete as regras subjetivas que criaram e de um circulo de

amigos, sem mais critérios claros e definidos de uma organização. Isso tudo

sem contar com o pseudo-anarcossindicalismo que tem suas expressões na

CGT-Espanha, na USI Roma (Itália), na CNT-Vignoles (França), SAC (Suécia)

e que contam com organizações no Brasil como parceiras (FAG, FARJ, FASP,

RP, OSL, CAZP etc).

Isso será aprofundado no decorrer desse texto, pois são experiências que

temos do que não fazer, já que os resultados em nada contribuem para a

emancipação de nossa gente ou o crescimento do anarquismo de forma livre a

qual se necessita. O compromisso com nossos companheiros e companheiras do

passado, guerreiros e guerreiras de luta, entendemos que temos os elementos

para construir um sindicalismo revolucionário digno e livre na luta por nossa

emancipação rumo ao comunismo libertário.

O presente texto é fruto de nosso livre estudo para desenvolver e

apresentar uma conversa sobre um tema que tem sido controlado pelo

sindicalismo oficial e seus parceiros institucionais, apresentando uma versão

"oficial" que se torna referência até para grupos que se dizem "anarquistas".

Vejam textos das organizações anarquistas que se dizem “especificas”,

“orgânicas”, “plataformistas” (as FAs, as RPs e sucursais afins), que usam os

meios institucionais, numa tentativa de “subverter” tais organizações, mas

acabam sendo “subvertidos” pelo sistema e o mantendo funcionando, além de

oferecer um apoio discursivo aos poderosos, que usam tais grupos como

exemplo de tolerância democrática do jogo político burguês, em nosso

entendimento, tais grupos se prestam a serem marionetes para o sistema que

os domina.

Dado ao avanço de tais ideias “conciliatórias e partidárias” no meio

anarquista cabe de uma forma racional fazer o exercício do diálogo e critica

que isso exige em nosso meio que é formado por múltiplas práticas, sempre

tendo no anarquismo, sua base de inspiração.

O que não se pode é aceitar certos discursos e práticas sem nenhuma

avaliação ou compreensão do se faz. Qualquer um ou grupo pode se

autonomear como quiser e fazer o que quiser, mas é da realização de suas

ações que teremos de fato uma identificação clara ou aproximada do que

realmente são, afirmando ou negando a autonomeação inicial e evidenciandon: 1 1

aquilo que se entende por hipocrisia (afetação de uma virtude, de um

sentimento louvável que não se tem; impostura; fingimento) e demagogia

(promessas mirabolantes para iludir o povo, preponderância das facções

populistas!). No caso presente, refletiremos sobre a questão do

anarcossindicalismo e é mais do que necessário criar espaços livres e

autônomos, construídos de forma autogestionária de discussão sobre as

práticas do anarco-sindicalismo do passado e de agora, uma outra versão que

mostre o lado dos oprimidos e explorados, a versão dos vencidos, a construção

de nossa memória de luta.

Os anarquistas sempre atuaram nos movimentos sociais e sua referência

sempre foi movimento operário como catalizador de todas as lutas sociais e

movimentos sociais, sem nenhuma preocupação em compartimentar em grupos

"especificos" ou com alguma termologia acadêmica, ou agregar uma teoria “x”

ou “y" a tal ação.

Apresentamos como isso se fez e como a prática anarquista e anarcosindicalista de hoje não deve se submeter ao Estado e as instituições a ele

vinculados, mesmo que indiretamente, optando por uma caminho mais difícil,

mas ao mesmo tempo o que assegura a liberdade e o bem estar que nossa luta

indica, coerentemente com que nossa proposta.

Avancemos, a nossa emancipação é nossa obra e de mais ninguém.

Extraído:
Revista: Aurora Obrera N°11, Pagina n°9
Ano, 1, Setembro / Outubro

domingo, 28 de agosto de 2011

Fechar Centennial Montjuïc: CNT presta homenagem às vítimas de Franco no aniversário da revolução social




Em uma cerimônia repleta de emoção e lembranças se reuniram centenas de ativistas e simpatizantes entre os quais muitos veteranos, alguns dos quais viveram o esplendor revolucionário dos anos trinta e sofreu repressão.

Turon Sonia abre o ato pela Comissão do Centenário e, como mestre de cerimônias: "Obrigado por estar aqui, mas não ser como você é, para continuar a luta." O evento, em Fossar Pedrera, onde foram parar os pobres em primeiro lugar desde a década de 1940 eo tiro do Boot Camp foi regada com lágrimas. Alfonso Alvarez, secretário-geral da CNT recordou os anos duros do regime de Franco, quando seu pai e outros colegas se encontrava a cada 01 de maio na praça da cidade. "Ninguém tinha chamado, mas eles estavam lá, ano após ano.""Nós não somos anarquistas", disse ele, "Anarquistas são homens de grande desafio e atitude certa." Alfonso diz que, eventualmente, descobriu que aqueles homens e mulheres da Campiña realmente eram anarquistas, não só da CNT. Alfonso agradeceu a todos por seu esforço e compromisso por parte da Organização ", um exemplo vivo para nós seguirmos todos."

Antonina Rodrigo, escritor e companheiro amado, nos lembrou do épico, estrelado por aqueles homens e mulheres cuja idade não foi consistente com a maturidade cronológica. Amplamente demonstrado que os milhões de combatentes anónimos que levantou a primeira revolução do coração da Europa, com as idéias anarquistas libertários como a principal ferramenta. "Há homens que lutam um dia e são bons. Há outros que lutam um ano e são melhores. Há aqueles que lutam muitos anos e são muito bons. Mas há aqueles que lutam toda a vida estes são imprescindíveis "(B. Brecht). Com estas palavras, começou Poupées o desempenho Electriques que em voz e piano, nos fez vibrar com "Filhos do povo", "às barricadas" eo romance de Durruti, Ascaso e Oliver Chicho Sánchez Ferlosio composto.

Juanjo Novella, autor escultor basco do tributo livro ao represalidados agradeceu aos participantes da CNT e da hospitalidade, da liberdade e apoio que tem sido capaz de trabalhar. O trabalho de aço intemperismo simboliza a luta pela conquista da liberdade, porque, como um cipreste no seu objectivo de levantar, o ideal era truncado. Quando olhamos através dos ramos vemos FOSS como conseqüência de que o fascismo assassino. Conseqüência do que não foi feito justiça como recordamos Octavio Alberola. Mesmo aqueles que prestou homenagem ao seu direito político lá em cima foram capazes de substituir os acórdãos do regime de Franco. A melhor homenagem que podemos prestar a todos é continuar a luta contra este sistema de dominação que continua até hoje. "Se queremos dignificar a sua memória, devemos lutar juntos possível."

O evento terminou com uma coroa de flores e um brinde ao "cipreste truncado", no qual cada um dos participantes poderia traduzir seus sentimentos nesse momento e continuar a luta pela liberdade e justiça.

fonte:
http://www.cnt.es/noticias/cronica-y-fotos-cierre-del-centenario-en-montjuic-cnt-homenajea-las-victimas-del-franquismo#

O último rei e o último padre (Giba Assis Brasil)

Quem for procurar no Google, e se contentar com a primeira página de resultados, vai descobrir que a frase "O mundo (ou o homem) só será livre (ou deixará de ser miserável) quando o último rei (ou déspota) for enforcado nas tripas do último padre" é de Diderot (ou Voltaire).

Mas a primeira página do Google é apenas um retrato da internet: uma babilônia de dados confusos, repetidos, contraditórios, inúteis e muitas vezes incorretos. Se fizermos o mesmo tipo de pesquisa apressada com, por exemplo, "Ainda que eu falasse a língua dos homens e dos anjos, sem amor eu nada seria", vamos chegar à conclusão de que a Primeira Epístola aos Coríntios foi escrita pelo Renato Russo.

Além da primeira página do Google, aparece a verdadeira riqueza oculta da internet: informação quase ilimitada, a biblioteca de Alexandria dos tempos modernos, eternamente em construção. Os únicos requisitos para chegar lá são curiosidade, paciência e um pouco de sorte.

A frase original em francês sobre reis e padres é um pouco diferente, tão violenta quanto a que chegou aos nossos dias, mas de um ponto de vista individual e não vinculado a uma possível libertação da humanidade: "Eu gostaria, e este será o último e o mais ardente dos meus desejos, eu gostaria que o último rei fosse estrangulado com as tripas do último padre."
("Je voudrais, et ce sera le dernier et le plus ardent de mes souhaits, je voudrais que le dernier des rois fût étranglé avec les boyaux du dernier prêtre.")

Desde 1729, ano em que a frase foi publicada, duas grandes revoluções e muitos embates menores arrancaram as tripas de muita gente, até mesmo de alguns reis e padres. E a frase foi sendo modificada de acordo com as conveniências do momento: "o mundo só será livre quando..." marca a crença na "revolução final" que viria libertar a humanidade de séculos de opressão; o ato criminoso, mas individual, do estrangulamento foi substituído pela forca, provavelmente numa tentativa de dar um caráter ritual à violência dos processos históricos; o próprio rei a ser assassinado deixou de ser um rei qualquer e foi especificado como déspota, certamente num período em que se supunha possível uma monarquia democrática ou "progressista". Mas o padre continuou lá, morto e eviscerado, em quase todas as versões, mesmo depois de João XXIII e do Concílio de Puebla.

E o mais surpreendente em torno dessa frase não é tanto o fato de ela ser anterior a Diderot, Voltaire e o enciclopedismo, mas que seu autor, na verdade, tenha sido um padre.

Jean Meslier (1664-1729), cura da aldeia de Étrépigny, passou seus últimos anos de vida rezando missas, celebrando batizados e matrimônios, enquanto, à noite, preparava uma tentativa de extrema unção do Estado católico francês: seu livro de memórias, de título quilométrico, geralmente reduzido para "Memória dos pensamentos e sentimentos do abade Jean Meslier", tratando dos "erros e abusos dos governos" e principalmente da "falsidade de todos os deuses e religiões do mundo". Foi neste livro que nasceu a frase, o "desejo mais ardente", as tripas de uns no pescoço dos outros.

Publicado postumamente, o livro do "padre ateu" Meslier tornou-o um dos precursores do iluminismo. Voltaire, então com 35 anos, foi seu primeiro editor, fazendo circular por toda a França suas idéias subversivas e anti-católicas numa versão reduzida, "Extrait des sentiments de Jean Meslier".

Diderot, que na época tinha apenas 14 anos, mais tarde escreveria (em "Les Éleuthéromanes") um poema em alusão direta à frase mais violenta e mais conhecida do "pai do ateísmo": "E suas mãos arrancarão as entranhas do padre / na falta de uma corda para estrangular os reis."
("Et ses mains ourdiraient les entrailles du prêtre / Au défaut d'un cordon pour étrangler les rois.") Violento sem dúvida, eventualmente visionário, mas sem a menção aos "últimos" e menos ainda à necessidade de mortes para a redenção dos sobreviventes.

Foi Jean-François de la Harpe, que só iria nascer em 1739, 12 anos após a morte de Meslier, o responsável pela confusão em torno da autoria da frase. La Harpe, um pós-iluminista que, ao contrário de Voltaire e Diderot, viveu para presenciar a Revolução de 1789 e o terror jacobino, tornou-se no final da vida um reacionário defensor da monarquia.

Em seu "Cours de Littérature Ancienne et Moderne" (1799), La Harpe alterou os versos de Diderot, citando-os assim: "E com as tripas do último padre / estrangulemos o pescoço do último rei." ("Et des boyaux du dernier prêtre / Serrons le cou du dernier roi.") Engano histórico? Talvez. Mas não me parece tendencioso ver aí uma deliberada intenção de acusar os iluministas (e por extensão os intelectuais, as idéias) pelos rumos violentos da História.

Seja como for, a frase seguiu seu rumo, às vezes usada para justificar assassinatos, outras para exprimir ódios mortais ou simples revoltas, às vezes apenas para atribuir culpas. O livro de Meslier, que eu saiba, só foi publicado em português em 2003, pela editora Antígona, de Lisboa, com tradução de Luís Leitão. Em 2004, Paulo Jonas de Lima Piva doutorou-se em Filosofia na USP com uma tese sobre "os manuscritos de um padre anticristão e ateu: materialismo e revolta em Jean Meslier".

Uma das muitas e criativas pixações de maio de 1968 em Paris propunha uma variação interessente para o desejo de Meslier: "E depois de estrangular o último burocrata nas tripas do último sociólogo, ainda teremos problemas?"
("Lorsque nous aurons étranglé le dernier bureaucrate avec les tripes du dernier sociologue, aurons-nous encore des problèmes?").

Quanto aos iluministas, eu prefiro ficar com outra frase de Voltaire, sem tripas, sem enforcamentos, sem mísseis: "Não concordo com uma palavra do que dizes, mas defenderei até a morte o teu direito de dizê-lo." É só estar preparado para ouvir (e ler) muita bobagem.

postado na Quinta, 3 de Agosto de 2006, 16H08

Giba Assis Brasil é montador, roteirista e professor de cinema.

Extraído :
http://terramagazine.terra.com.br/interna/0,,OI1087579-EI6784,00.html

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Manifesto da Okupa Timothy Leary


Localizada a 96 Km de São Paulo, comportando 1.080.999 habitantes, a terceira maior cidade do Estado, em Campinas urge a necessidade de um espaço político-cultural onde indivíduos possam se reunir para (des)construir algo coletivamente, criar um ambiente onde impere a autonomia, liberdade e solidariedade, um local para todxs que se mantém na resistência diária a esse sistema que oprime e conforma, individualiza, enfim, a todxs que almejam e lutam por transformação.


Partimos da noção de imprescindibilidade de um espaço físico libertário, um ponto de referência e convergência na cidade, quiçá da região, para que indivíduos que compartilhem das mesmas idéias possam se relacionar harmoniosamente em prol de objetivos comuns. Um lugar aberto à comunidade, onde sejam realizadas atividades com o intuito de estimular a autonomia e livre reflexão, valorizando a diversidade.
Nós, squatters, somos contra as políticas de gentrificação (enobrecimento) realizadas pelo Estado Brasileiro nesses últimos anos. Tais políticas intentam efetuar uma ?limpeza urbana?, principalmente, nas áreas centrais, lançando as classes baixas, antigxs moradorxs dessas áreas desvalorizadas durante anos, a bairros periféricos. Para tanto, o Estado conjuntamente com atores privados empreendem políticas de revalorização e revitalização, com o objetivo de tornar o perímetro central atrativo econômica e culturalmente, seduzindo, assim, as classes abastadas. O que isso ocasiona? A supressão da natureza pública do espaço! Isto é, o acesso ao lazer, cultura, turismo, nas áreas centrais se torna restrito, visto que depende da situação econômica e da disponibilidade de cada indivíduo. Logo, o acesso de classes baixas é impossibilitado, tanto econômica quanto espacialmente. O centro transforma-se para elxs em um simples local de passagem, no qual são exploradxs cotidianamente e despendem horas no caos do trânsito urbano. O Estado, a mídia corporativista burguesa, as corporações, trans e multinacionais, justificam o processo de gentrificação afirmando que as reformas têm o escopo de resguardar o patrimônio histórico presente nos centros das cidades. Engodo! Não há equidade de espaços, há fortalecimento de privilégios, a gentrificação gera exclusão, não inclusão! Todas as transformações efetuadas têm um caráter mercadológico com um viés político, a revitalização não acarreta a resignificação de uma estrutura histórica e sim cria mais um segmento de mercado.
Somos contra também a especulação imobiliária, a qual está intimamente ligada ao processo de gentrificação. Entendemos que um imóvel ocioso comprado na expectativa de que seu valor de mercado aumente posteriormente para venda ou aluguel deve ser okupado (segundo a constituição, morar é um direito), devido ao gritante contraste: poucxs com muito e muitxs com pouco, ou seja, há uma grande concentração de terras nas mãos de poucxs. Normalmente, empresas ou grupo de pessoas adquirem imóveis contíguos numa mesma região, fazendo, então, com que a oferta seja reduzida, isso provoca aumento de preços. Manifesta-se aí que o comprador/a não busca fins habitacionais e aguarda, tão somente, sua valorização, impossibilitando, conseqüentemente, que indivíduos de classes baixas possam habitá-las. Diante de um quadro de luta por acesso à terra, por reforma agrária, nós defendemos a okupação como forma de ação direta!
Estamos na terceira semana de okupação, já executamos a limpeza do imóvel okupado, retiramos entulhos que estavam jogados por toda parte, conseguimos captar energia elétrica, reformamos alguns cômodos, realizamos oficinas de stencil e um almoço coletivo vegan aberto à comunidade. Estamos caminhando, hoje à margem, mas sempre buscando expansão para amanhã todxs sejamos livres.
Arriba lxs que luchan! Okupa e Resiste!

http://anarkio.net/index.php/2-uncategorised/76-ocupar-preciso

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Seja Vegetariano!

Perguntas Frequentes

E as plantas, não é errado comê-las?
Plantas não sentem dor pelo simples fato de não terem sistema nervoso nem nervos, é questão científica mesmo. Mas mesmo considerando que sim, eles sentem dor, quantos milhões de vegetais você mata ao comer um boi que cresceu comendo vegetais? Um boi leva, em média, 4 anos e meio para ser morto para alimentação, neste período ele consome muitos vegetais, concorda?

"A produção de grãos de uma fazenda com 100 hectares pode alimentar 1.100 pessoas comendo soja, ou 2.500 com milho. Se a produção dessa área for usada para ração bovina ou pasto, a carne produzida alimentaria o equivalente a oito pessoas."

Fonte

Se animais matam outros animais para se alimentar, porque deveríamos agir de forma diferente?
Os animais que matam para se alimentar não poderiam sobreviver se agissem de outra forma. Este não é o nosso caso. Nós, humanos, na verdade nos tornamos mais saudáveis quando adotamos uma dieta vegetariana. Além disso, se nós não costumamos nos comportar como animais, por que deveríamos abrir uma exceção para este caso?

Os seres humanos não têm que comer carne para permanecer saudáveis?
O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos e a Associação Dietética Americana, dois órgãos que são referência mundial em questões alimentares, endossaram dietas vegetarianas. Pesquisas demonstraram também que vegetarianos possuem sistemas imunológicos mais fortes, e que os consumidores de carne têm duas vezes mais chances de morrer de doenças cardíacas e probabilidades 60% maiores de morrer de câncer. O consumo de carne, leite e seus derivados tem sido ainda relacionado a diversas outras doenças, como diabetes, artrite e osteoporose.

Os vegetarianos ingerem proteína suficiente?
Em boa parte dos casos, o problema é ingerir proteína em demasia, não em quantidade insuficiente. Muitos dos que consomem produtos de origem animal ingerem três ou quatro vezes mais proteínas do que necessitam. Há uma enorme variedade de alimentos vegetarianos ricos em proteínas, como massas, pães, feijões, ervilhas, milho e até mesmo cogumelos. Quase todos os alimentos contêm proteína. É quase impossível não obter proteína suficiente em uma dieta que possua a quantidade de calorias adequada, mesmo que não se faça uma escolha mais cuidadosa dos alimentos. Por outro lado, proteína em demasia é uma das principais causas conhecidas de osteoporose e doenças renais.

Comer carne é natural. Tem sido assim por milhares de anos. Nós evoluímos desta maneira.
Na verdade, nós não evoluímos para comer carne. Animais carnívoros possuem dentes caninos pontiagudos, garras e um trato digestivo curto. Os seres humanos, em seu atual estágio de evolução, não apresentam garras nem caninos desenvolvidos. Temos molares lisos e um trato digestivo longo, muito mais adequado a uma dieta de vegetais, grãos e frutas. Comer carne é perigoso para nossa saúde; contribui para o aparecimento de doenças cardíacas, câncer e uma infinidade de outras doenças.

Se todos passassem a comer apenas alimentos de origem vegetal, haveria bastante comida para todos?
Boa parte da safra mundial de grãos é na verdade destinada a alimentar o gado. Desta forma, se todos se tornassem vegetarianos, haveria muito maior abundância de alimentos. Nos Estados Unidos, por exemplo, 80% do milho produzido são usados na alimentação dos animais criados para consumo. Em todo o mundo, o gado consome uma quantidade de alimento equivalente às necessidades calóricas de 8,7 bilhões de pessoas - mais do que toda a população humana do planeta.

Os fazendeiros tratam seus animais muito bem, ou eles não produziriam tanto leite e ovos.
Os animais nas fazendas não ganham peso, produzem leite e colocam ovos porque se sentem confortáveis, contentes, ou são bem tratados, mas, na verdade, porque foram manipulados especialmente para fazer estas coisas, com drogas, hormônios e técnicas de criação e seleção genética. Além disso, os animais criados para produção de alimentos, mesmo vacas leiteiras e galinhas poedeiras, hoje são abatidos em idade extremamente jovem, antes que as doenças e a miséria os dizimem. É mais lucrativo para os fazendeiros absorver as perdas ocasionadas por mortes e doenças do que manter os animais em condições humanitárias.

Vegetarianismo é uma questão de escolha pessoal. Não tente forçar os outros a fazer esta escolha.
De um ponto de vista moral, as ações que prejudicam outros não são questões de escolha pessoal. O assassinato, o estupro, o abuso de crianças e a crueldade para com os animais são atitudes imorais. Nossa sociedade incentiva hoje o hábito de comer carne e a crueldade nas unidades de criação de animais, mas a história nos ensina que esta mesma sociedade um dia encorajou a escravidão, o trabalho infantil e muitas outras práticas agora universalmente reconhecidas como imorais.

Eu conheço um vegetariano que não é saudável.
Há, claro, vegetarianos que não são saudáveis. Assim como há comedores de carne na mesma situação. Mas o fato é que as pesquisam comprovam que dietas vegetarianas bem variadas e de baixo teor de gordura criam melhores condições para uma vida mais longa e saudável.

Eu não matei o animal.
Não, mas financiou sua morte, tornando-se responsável direto por ela. Sempre que você compra carne, assina um atestado de culpa: a morte daquele animal foi para seu usufruto e você pagou por ela.

Se o problema é provocar sofrimento ou dor, então um animal que tenha morrido de morte natural ou um ser humano em coma podem virar bifes?
Sim, quando você achar um cachorro na rua atropelado, se sentir vontade, pode comer o corpo, não vejo problema nisso.

Fonte:

http://sejavegetariano.com.br/index.php?page=faq

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

terça-feira, 2 de agosto de 2011

A Revolução que os anarquistas procuravam

Pode-se proclamar sem nenhum receio de contestação que a verdadeira revolução não começou! Que não teve inicio sequer uma transformação convincente, capaz de mudar os costumes arcaicos, as formas de vida e abolir as hierarquias de classes, profissional e social, que separam, subdividindo em diversas camadas, os seres humanos.

A derrocada de um governo por razões subjetivas, emocionais, sem a existência de convicções ideológicas e de uma conscientização revolucionaria, não é revolução!

Revolução não se faz somente com espingardas na mão; é preciso que exista uma idéia revolucionaria no celebro de cada lutador!
Revolução não é a luta pelo poder nem é substituição de um governo por outro; isso é golpe de estado; troca de um político por um político, um militar por um civil ou um civil por um militar! É apear o que esta em cima para colocar em seu lugar o que estava em baixo! È inverter a ordem de luta e transformar a oposição em um governo e governo em oposição!
Revolução não é feita por um “conselho revolucionário” com um assento num palácio reunido a portas fechadas para decidir por toda a nação, em nome do povo que não foi ouvido, o que se pode ou não, o que se deve ou não se deve fazer! Predisposição autoritária, irracional de ditar ordens de cima para baixo!
Revolução não se faz por processos eleitorais, com a mudança de “lideres”, debates partidários, disputas entre partidos pela supremacia numérica de pastas a ocupar, controle dos meios de comunicação escrita e falada, imposição de censura das esquerdas em substituição às direitas ou vice-versa! Revolução não é “ordem” nem “desordem” no sentido clássico! Não é obediência irrefletida, concordância cega, respeito às leis acabam de substituir leis!

Revolução não se faz habitando luxuoso palácio. Tão pouco se faz revolução fugindo para o exterior com dinheiro acumulado às custas do trabalho do povo!
Revolução não é culpar os anarquistas pelos desacertos administrativos dos governos, nem se fará com ambições políticas.
Revolução não é perseguir e caluniar os vencidos, proferir ofensas pessoais, promover agitação de rua, inspirar manifestações por tudo e por nada com discursos candentes, com protestos, debates, chavões, “slogans”!
Revolução não é abrigo para vinganças pessoais, individuais ou coletivas, não é motivo para indiscriminadamente prender, assassinar, fuzilar, fazer lavagens celebrais determinar ilegalmente intenção em manicômio!
Revolução não é paralisação do trabalho, para obter somente aumentos salariais, com ou sem razão!
Revolução não se faz com ajuda econômica da Rússia, da China, dos países do mercado comum ou da América do Norte!

Revolução não é uma obra de militares ou civis, não tem cor, nem é exclusiva e ninguém, porque é uma obra transformadora e terá de ser de todos e de cada um!

Revolução é um acontecimento muito importante, de alcance ilimitado, em constante transformação, sempre e sempre evoluindo!
Revolução antes de tudo é uma idéia, um sentimento; é cultura; é trabalho e bem estar social distribuído eqüitativamente por todos! A revolução principia nos cérebros, evolui livremente fundamentada numa filosofia de vida generosa e positiva, baseada em sentimentos e ações que equilibram atitudes e movimentos, na harmonia que funde a natureza e o homem, que conhece e prepara personalidades emocionalmente autodisciplinadas, caracteres bem formados, cidadãos justos, capazes de produzir, participar, dar e receber.
Revolução é um estado de espírito, consubstanciado na liberdade responsável, no livre acordo, no apoio mútuo, na livre associação e na solidariedade humana. De maneira que a revolução vale tanto quanto os homens que lhe abrem o caminho, que lhe dão curso! Processa-se partindo da natureza – princípio e fim de todas as coisas; evolui com a cooperação voluntaria de todos, pela coordenação e administração do esforço manual e intelectual até alcançar o máximo de produção, da perfeição e da beleza. É um trabalho de todos em proveito de todos e de cada um!

O homem é um animal sociável, um competidor permanente que rechaça em principio os esquemas rígidos, absolutistas; e visualiza constante aperfeiçoamento, sempre em busca do belo, do harmonioso, de estágios de justiça social; por isso, é também um revolucionário permanente por excelência!
A revolução consciente, positiva, realista, só pode ter o homem – centro de todas as coisas – como figura mais importante, o traço de ligação na nova sociedade que nasce. Por conseguinte, revolução equivale a desenvolvimento de capacidade da criatura humana. A revolução consciente fomenta e desperta a grandeza de sentimentos, solidariedade entre os povos, cultiva todos os dias o amor ao próximo e a humanidade, como se cultivam a saúde e a vida. Na sua marcha, visa a integração de sentimentos e idéias capazes de tornar homem cada vez melhor, mais tolerante, compreensivo e justo. Sua meta é a grandeza do indivíduo pelo aperfeiçoamento constante, do simples para o composto, até atingi-la, no grupo, na sociedade, no plano econômico, social e humano, no plano intelectual e cultural!

(Voz Anarquista, Almada/Portugal, Dezembro de 1975)

Extraído:
Livro: Rebeldias – Volume 3
Autor: Edgar Rodrigues
Paginas: 170 á 172
Editora: Opúsculo Libertario