Introdução
A construção do sindicalismo revolucionário, isto é, do
anarcossindicalismo tal como é orientado pela primeira associação
internacional dos trabalhadores (IWA-AIT) é a construção de uma
base sólida e compacta de resistência e avanço pela emancipação não só dos
trabalhadores, mas de tod@s os explorados e oprimidos. Isso de forma direta e
objetiva significa o rompimento com todos os modelos sindicais que estejam e
tenham relação de manutenção e sustentação de qualquer forma de Estado e
do capitalismo e suas variações autoritárias e democráticas.
Trazendo essa base para o Brasil, a construção do anarcossindicalismo
atual é um resgate de um passado de lutas por bem estar e liberdade. A
história oficial nega, omite ou distorce esse fato, chega a propor a inexistência
de uma organização anarco-sindical no Brasil e da luta anarquista, da
capacidade de organização na defesa e luta por bem estar e liberdade e do
avanço na proposta de emancipação do trabalhador por sua própria força e
ação, sem mediadores ou intermediários oportunistas, aventureiros e
aproveitadores das forças dos trabalhadores.
A construção do anarcossindicalismo no Brasil passa por três pontos
importantes: educação, organização e emancipação. E nesse processo é
necessário trazer a experiência dos núcleos pró-COB que desde 1985 tentam
organizar a luta anarcossindical no país com resultados duvidosos.
Avaliado a organização desses núcleos percebe-se fragilidade na
construção do sindicalismo revolucionário, que abriu espaço para que
aproveitadores, sem nenhum espírito libertário, tomassem o controle e o
levasse à propostas reformistas e oportunistas que se adequam ao capitalismo
sem enfrentá-lo decididamente. Após 26 anos, os núcleos pró-COB se mantém
pequenos sem projeção no meios dos trabalhadores, limitados a falas
inflamadas sem práticas expressivas, por falta de uma educação na ação den: 1 0
seus militantes, que sem referências expressivas da história do
anarcossindicalismo brasileiro, tomam como base as práticas de ação do
sindicalismo oficial e dos partidos políticos dentro de uma organização que
deveria ter bases anárquicas claras e objetivas para seus associados.
Disso resulta que a organização anarco-sindical no Brasil é insipiente,
mas contraditoriamente vinculada a IWA-AIT o que mostra grande
desinformação sobre a realidade do anarcossindicalismo no Brasil pelas seções
associadas a IWA-AIT. O que deveria ser uma retaguarda importante para o
crescimento do sindicalismo revolucionário se tornou um obstáculo para o
crescimento do anarcossindicalismo no país, já que os núcleos “oficiais” só
aceitam quem se submete as regras subjetivas que criaram e de um circulo de
amigos, sem mais critérios claros e definidos de uma organização. Isso tudo
sem contar com o pseudo-anarcossindicalismo que tem suas expressões na
CGT-Espanha, na USI Roma (Itália), na CNT-Vignoles (França), SAC (Suécia)
e que contam com organizações no Brasil como parceiras (FAG, FARJ, FASP,
RP, OSL, CAZP etc).
Isso será aprofundado no decorrer desse texto, pois são experiências que
temos do que não fazer, já que os resultados em nada contribuem para a
emancipação de nossa gente ou o crescimento do anarquismo de forma livre a
qual se necessita. O compromisso com nossos companheiros e companheiras do
passado, guerreiros e guerreiras de luta, entendemos que temos os elementos
para construir um sindicalismo revolucionário digno e livre na luta por nossa
emancipação rumo ao comunismo libertário.
O presente texto é fruto de nosso livre estudo para desenvolver e
apresentar uma conversa sobre um tema que tem sido controlado pelo
sindicalismo oficial e seus parceiros institucionais, apresentando uma versão
"oficial" que se torna referência até para grupos que se dizem "anarquistas".
Vejam textos das organizações anarquistas que se dizem “especificas”,
“orgânicas”, “plataformistas” (as FAs, as RPs e sucursais afins), que usam os
meios institucionais, numa tentativa de “subverter” tais organizações, mas
acabam sendo “subvertidos” pelo sistema e o mantendo funcionando, além de
oferecer um apoio discursivo aos poderosos, que usam tais grupos como
exemplo de tolerância democrática do jogo político burguês, em nosso
entendimento, tais grupos se prestam a serem marionetes para o sistema que
os domina.
Dado ao avanço de tais ideias “conciliatórias e partidárias” no meio
anarquista cabe de uma forma racional fazer o exercício do diálogo e critica
que isso exige em nosso meio que é formado por múltiplas práticas, sempre
tendo no anarquismo, sua base de inspiração.
O que não se pode é aceitar certos discursos e práticas sem nenhuma
avaliação ou compreensão do se faz. Qualquer um ou grupo pode se
autonomear como quiser e fazer o que quiser, mas é da realização de suas
ações que teremos de fato uma identificação clara ou aproximada do que
realmente são, afirmando ou negando a autonomeação inicial e evidenciandon: 1 1
aquilo que se entende por hipocrisia (afetação de uma virtude, de um
sentimento louvável que não se tem; impostura; fingimento) e demagogia
(promessas mirabolantes para iludir o povo, preponderância das facções
populistas!). No caso presente, refletiremos sobre a questão do
anarcossindicalismo e é mais do que necessário criar espaços livres e
autônomos, construídos de forma autogestionária de discussão sobre as
práticas do anarco-sindicalismo do passado e de agora, uma outra versão que
mostre o lado dos oprimidos e explorados, a versão dos vencidos, a construção
de nossa memória de luta.
Os anarquistas sempre atuaram nos movimentos sociais e sua referência
sempre foi movimento operário como catalizador de todas as lutas sociais e
movimentos sociais, sem nenhuma preocupação em compartimentar em grupos
"especificos" ou com alguma termologia acadêmica, ou agregar uma teoria “x”
ou “y" a tal ação.
Apresentamos como isso se fez e como a prática anarquista e anarcosindicalista de hoje não deve se submeter ao Estado e as instituições a ele
vinculados, mesmo que indiretamente, optando por uma caminho mais difícil,
mas ao mesmo tempo o que assegura a liberdade e o bem estar que nossa luta
indica, coerentemente com que nossa proposta.
Ano, 1, Setembro / Outubro
Ótima reflexão. Indico sobre o anarcossindicalisto o blog http://confederacaolsoc.blogspot.com/
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