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segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Construção do Anarcossindicalismo no Brasil no século XXI

Introdução


A construção do sindicalismo revolucionário, isto é, do

anarcossindicalismo tal como é orientado pela primeira associação

internacional dos trabalhadores (IWA-AIT) é a construção de uma

base sólida e compacta de resistência e avanço pela emancipação não só dos

trabalhadores, mas de tod@s os explorados e oprimidos. Isso de forma direta e

objetiva significa o rompimento com todos os modelos sindicais que estejam e

tenham relação de manutenção e sustentação de qualquer forma de Estado e

do capitalismo e suas variações autoritárias e democráticas.

Trazendo essa base para o Brasil, a construção do anarcossindicalismo

atual é um resgate de um passado de lutas por bem estar e liberdade. A

história oficial nega, omite ou distorce esse fato, chega a propor a inexistência

de uma organização anarco-sindical no Brasil e da luta anarquista, da

capacidade de organização na defesa e luta por bem estar e liberdade e do

avanço na proposta de emancipação do trabalhador por sua própria força e

ação, sem mediadores ou intermediários oportunistas, aventureiros e

aproveitadores das forças dos trabalhadores.

A construção do anarcossindicalismo no Brasil passa por três pontos

importantes: educação, organização e emancipação. E nesse processo é

necessário trazer a experiência dos núcleos pró-COB que desde 1985 tentam

organizar a luta anarcossindical no país com resultados duvidosos.

Avaliado a organização desses núcleos percebe-se fragilidade na

construção do sindicalismo revolucionário, que abriu espaço para que

aproveitadores, sem nenhum espírito libertário, tomassem o controle e o

levasse à propostas reformistas e oportunistas que se adequam ao capitalismo

sem enfrentá-lo decididamente. Após 26 anos, os núcleos pró-COB se mantém

pequenos sem projeção no meios dos trabalhadores, limitados a falas

inflamadas sem práticas expressivas, por falta de uma educação na ação den: 1 0

seus militantes, que sem referências expressivas da história do

anarcossindicalismo brasileiro, tomam como base as práticas de ação do

sindicalismo oficial e dos partidos políticos dentro de uma organização que

deveria ter bases anárquicas claras e objetivas para seus associados.

Disso resulta que a organização anarco-sindical no Brasil é insipiente,

mas contraditoriamente vinculada a IWA-AIT o que mostra grande

desinformação sobre a realidade do anarcossindicalismo no Brasil pelas seções

associadas a IWA-AIT. O que deveria ser uma retaguarda importante para o

crescimento do sindicalismo revolucionário se tornou um obstáculo para o

crescimento do anarcossindicalismo no país, já que os núcleos “oficiais” só

aceitam quem se submete as regras subjetivas que criaram e de um circulo de

amigos, sem mais critérios claros e definidos de uma organização. Isso tudo

sem contar com o pseudo-anarcossindicalismo que tem suas expressões na

CGT-Espanha, na USI Roma (Itália), na CNT-Vignoles (França), SAC (Suécia)

e que contam com organizações no Brasil como parceiras (FAG, FARJ, FASP,

RP, OSL, CAZP etc).

Isso será aprofundado no decorrer desse texto, pois são experiências que

temos do que não fazer, já que os resultados em nada contribuem para a

emancipação de nossa gente ou o crescimento do anarquismo de forma livre a

qual se necessita. O compromisso com nossos companheiros e companheiras do

passado, guerreiros e guerreiras de luta, entendemos que temos os elementos

para construir um sindicalismo revolucionário digno e livre na luta por nossa

emancipação rumo ao comunismo libertário.

O presente texto é fruto de nosso livre estudo para desenvolver e

apresentar uma conversa sobre um tema que tem sido controlado pelo

sindicalismo oficial e seus parceiros institucionais, apresentando uma versão

"oficial" que se torna referência até para grupos que se dizem "anarquistas".

Vejam textos das organizações anarquistas que se dizem “especificas”,

“orgânicas”, “plataformistas” (as FAs, as RPs e sucursais afins), que usam os

meios institucionais, numa tentativa de “subverter” tais organizações, mas

acabam sendo “subvertidos” pelo sistema e o mantendo funcionando, além de

oferecer um apoio discursivo aos poderosos, que usam tais grupos como

exemplo de tolerância democrática do jogo político burguês, em nosso

entendimento, tais grupos se prestam a serem marionetes para o sistema que

os domina.

Dado ao avanço de tais ideias “conciliatórias e partidárias” no meio

anarquista cabe de uma forma racional fazer o exercício do diálogo e critica

que isso exige em nosso meio que é formado por múltiplas práticas, sempre

tendo no anarquismo, sua base de inspiração.

O que não se pode é aceitar certos discursos e práticas sem nenhuma

avaliação ou compreensão do se faz. Qualquer um ou grupo pode se

autonomear como quiser e fazer o que quiser, mas é da realização de suas

ações que teremos de fato uma identificação clara ou aproximada do que

realmente são, afirmando ou negando a autonomeação inicial e evidenciandon: 1 1

aquilo que se entende por hipocrisia (afetação de uma virtude, de um

sentimento louvável que não se tem; impostura; fingimento) e demagogia

(promessas mirabolantes para iludir o povo, preponderância das facções

populistas!). No caso presente, refletiremos sobre a questão do

anarcossindicalismo e é mais do que necessário criar espaços livres e

autônomos, construídos de forma autogestionária de discussão sobre as

práticas do anarco-sindicalismo do passado e de agora, uma outra versão que

mostre o lado dos oprimidos e explorados, a versão dos vencidos, a construção

de nossa memória de luta.

Os anarquistas sempre atuaram nos movimentos sociais e sua referência

sempre foi movimento operário como catalizador de todas as lutas sociais e

movimentos sociais, sem nenhuma preocupação em compartimentar em grupos

"especificos" ou com alguma termologia acadêmica, ou agregar uma teoria “x”

ou “y" a tal ação.

Apresentamos como isso se fez e como a prática anarquista e anarcosindicalista de hoje não deve se submeter ao Estado e as instituições a ele

vinculados, mesmo que indiretamente, optando por uma caminho mais difícil,

mas ao mesmo tempo o que assegura a liberdade e o bem estar que nossa luta

indica, coerentemente com que nossa proposta.

Avancemos, a nossa emancipação é nossa obra e de mais ninguém.

Extraído:
Revista: Aurora Obrera N°11, Pagina n°9
Ano, 1, Setembro / Outubro

Um comentário:

  1. Ótima reflexão. Indico sobre o anarcossindicalisto o blog http://confederacaolsoc.blogspot.com/

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