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terça-feira, 23 de agosto de 2011

Manifesto da Okupa Timothy Leary


Localizada a 96 Km de São Paulo, comportando 1.080.999 habitantes, a terceira maior cidade do Estado, em Campinas urge a necessidade de um espaço político-cultural onde indivíduos possam se reunir para (des)construir algo coletivamente, criar um ambiente onde impere a autonomia, liberdade e solidariedade, um local para todxs que se mantém na resistência diária a esse sistema que oprime e conforma, individualiza, enfim, a todxs que almejam e lutam por transformação.


Partimos da noção de imprescindibilidade de um espaço físico libertário, um ponto de referência e convergência na cidade, quiçá da região, para que indivíduos que compartilhem das mesmas idéias possam se relacionar harmoniosamente em prol de objetivos comuns. Um lugar aberto à comunidade, onde sejam realizadas atividades com o intuito de estimular a autonomia e livre reflexão, valorizando a diversidade.
Nós, squatters, somos contra as políticas de gentrificação (enobrecimento) realizadas pelo Estado Brasileiro nesses últimos anos. Tais políticas intentam efetuar uma ?limpeza urbana?, principalmente, nas áreas centrais, lançando as classes baixas, antigxs moradorxs dessas áreas desvalorizadas durante anos, a bairros periféricos. Para tanto, o Estado conjuntamente com atores privados empreendem políticas de revalorização e revitalização, com o objetivo de tornar o perímetro central atrativo econômica e culturalmente, seduzindo, assim, as classes abastadas. O que isso ocasiona? A supressão da natureza pública do espaço! Isto é, o acesso ao lazer, cultura, turismo, nas áreas centrais se torna restrito, visto que depende da situação econômica e da disponibilidade de cada indivíduo. Logo, o acesso de classes baixas é impossibilitado, tanto econômica quanto espacialmente. O centro transforma-se para elxs em um simples local de passagem, no qual são exploradxs cotidianamente e despendem horas no caos do trânsito urbano. O Estado, a mídia corporativista burguesa, as corporações, trans e multinacionais, justificam o processo de gentrificação afirmando que as reformas têm o escopo de resguardar o patrimônio histórico presente nos centros das cidades. Engodo! Não há equidade de espaços, há fortalecimento de privilégios, a gentrificação gera exclusão, não inclusão! Todas as transformações efetuadas têm um caráter mercadológico com um viés político, a revitalização não acarreta a resignificação de uma estrutura histórica e sim cria mais um segmento de mercado.
Somos contra também a especulação imobiliária, a qual está intimamente ligada ao processo de gentrificação. Entendemos que um imóvel ocioso comprado na expectativa de que seu valor de mercado aumente posteriormente para venda ou aluguel deve ser okupado (segundo a constituição, morar é um direito), devido ao gritante contraste: poucxs com muito e muitxs com pouco, ou seja, há uma grande concentração de terras nas mãos de poucxs. Normalmente, empresas ou grupo de pessoas adquirem imóveis contíguos numa mesma região, fazendo, então, com que a oferta seja reduzida, isso provoca aumento de preços. Manifesta-se aí que o comprador/a não busca fins habitacionais e aguarda, tão somente, sua valorização, impossibilitando, conseqüentemente, que indivíduos de classes baixas possam habitá-las. Diante de um quadro de luta por acesso à terra, por reforma agrária, nós defendemos a okupação como forma de ação direta!
Estamos na terceira semana de okupação, já executamos a limpeza do imóvel okupado, retiramos entulhos que estavam jogados por toda parte, conseguimos captar energia elétrica, reformamos alguns cômodos, realizamos oficinas de stencil e um almoço coletivo vegan aberto à comunidade. Estamos caminhando, hoje à margem, mas sempre buscando expansão para amanhã todxs sejamos livres.
Arriba lxs que luchan! Okupa e Resiste!

http://anarkio.net/index.php/2-uncategorised/76-ocupar-preciso

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