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quinta-feira, 12 de julho de 2012

Da Falta de compromisso ao autoritarismo da disciplina

Em uma sociedade baseada na hierarquia escravocrata, não é de admirar que o conformismo, a resignação e o medo sejam uma constante. Prevalece o comodismo, mesmo entre aqueles que se autodeterminam “revolucionários” ou “anarquistas”, mas que se submetem a uma disciplina “quartelar” autoritária. Isso é um grave problema que se deve corrigir.
Ao assumir como anarquistas, muitos sem muitas referências culturais, históricas e sem se preocupar em entende-las, assumem a primeira rotulagem empregada e ao afirmarem anarquistas, estão na verdade, dizendo liberais, que não querem assumir nenhum compromisso social e só satisfazerem suas necessidades, sem nenhuma preocupação ao redor. Qualquer insinuação que é necessário agir de forma coletiva, ter compromisso social e uma associação com outros indivíduos para abolir a opressão e exploração, respondem com desconfiança e se afastam das lutas sociais de emancipação. Em muitos casos, agem de forma rebelde mas sem ser revolucionária e se tornam um nicho de mercado, com visuais próprios, linguagens, sons e estéticas estereotipantes, mas que continuam dentro de uma lógica de mercado, consumindo-se em toda uma rebeldia sem sombra de rompimento com o modelo dominante.
Podemos identificar também em outros casos, uma enorme dedicação no uso de entorpecentes lícitos e ilícitos, uma veneração por shows e eventos culturais e esportivos, mas quando se trata de assumir compromisso com ações simples, manifestações construtivas de uma nova proposta social, anarquista, sem lideres, de forma autogestionária, onde cada um é responsável conjuntamente do processo, poucos conseguem manter o compromisso de agir, de se manter dentro de uma metodologia anarquista, onde o equilíbrio e o respeito para com a vida, com os outros sere vivos é deixado de lado por um vício qualquer ou alguma ilusão capitalista.
Disso leva a um outro extremo que é a “disciplinamento do movimento anarquista”, onde a influência partidária e hierarquizante está muito presente. Em documentos, podemos ler que se descrevem como uma “minoria ativa”, que lembra a um trotskismo mal disfarçado. Usam de conceito “disciplinares”, como se ao usar um processo disciplinador e organizado sobre seus militantes compensasse o vazio da falta de compromisso desses militantes. É uma herança autoritária que devemos banir de nossos meios, assim como o liberalismo e a libertinagem que erroneamente se associam ao anarquismo. Em nenhum desses casos, os meios levaram aos fins que propomos, de uma vida sem opressão e sem exploração, onde cada ser vivo é igual a outro, e o fim de todas as classes sociais.
Na construção do anarquismo, devemos gerar, usar e compartilhar um compromisso pela erradicação das classes sociais, da abolição da propriedade, do fim da herança, produção e distribuição de riqueza entre tod@s na satisfação de suas necessidades. E nesse sentido, nenhuma disciplina pode ser aceita, já que pode ser usada como meio de controle sem nenhum compromisso, e como anarquistas, é algo inaceitável. Nos educando sempre, evitamos a necessidade do mandar e obedecer, mesmo de organizações que se digam “anarquistas organizadas”. Lutamos contra isso, e é sempre importante lembrar que qualquer união de pessoas, de base igualitária e princípios anarquistas já é uma organização. O fato de se reafirmar o caráter organizativo no meio anarquista; enfatizar que são “anarquistas organizados”, serve como um meio de segregação tipico de uma “partidarização” e vemos com grande decepção que em muitos casos conseguem se aliar com mais facilidade com partidos políticos do que com outros grupos anarquistas.
Entenda-se de resumo que nem a esbórnia leviana que muitos fazem pode ser considerada como parte de um movimento anarquista e nem uma rígida estrutura de alguns “iluminatis” anárquicos cheirando a troskalha pode igualmente ser levada como o movimento anarquista. Em ambos, há muito excesso, de uma lado, de uma total falta de compromisso com a luta e pelo outro de uma disciplina alienante em que o militante deixa de entender o que faz em prol de uma “organização minoritária vanguardista” ou em seus termos “minoria ativa” ou “agentes do vetor social”.
Dessa reflexão, chama-se a reflexão a história do anarquismo, da luta de nossa gente e de que nossos interesses em nada tem em comum com partidos, com o Estado, com religiões.
Nos vemos nas ruas, com compromisso, sem disciplina e sem irresponsabilidade!

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