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domingo, 10 de junho de 2012

FERRER ACREDITAVA NA RAZÃO E NA CIÊNCIA...

Para Ferrer, o ensino racionalista cientifico há de persuadir aos futuros homens e mulheres que nada devem esperar de nenhum ser privilegiados (fictício ou real); e que tudo quanto é racional devem esperar de si mesmos e da solidariedade livremente aceita e organizada.
O seu engano está em acreditar na “organização”do amor e da bondade...
Ferrer tinha a convicção de que “sem uma absoluta reforma dos meios educacionais, não será possível orientar a humanidade para porvir.”
E, em síntese, o grande educador formulava o programa:
“A Escola Moderna pretende combater quantos prejuízos dificultem a emancipação total do individuo, e, para isso adora o racionalismo humanitário que consiste em inculcar na infância o órfã de conhecer a origem de todas as injustiças sociais para que, reconhecendo-as por si mesma, possa logo combate-las e se lhes opor.
“O ensino racionalista e cientifico da Escola Moderna há de quanto seja favorável à liberdade do indivíduo e à harmonia da coletividade, mediante um redimem de paz, amor e bem estar para todos, sem distinção de classes nem de sexos.”
Neste trecho está contida toda a ingenuidade santa do apostolo e do precursor.
Ferrer esperava o advento do Eden na terra. A sua fé se devotava ente o racionalismo puro e ante a ciência pura.
Si há uma aparência ou uma nesga de Verdade nas suas convicções sinceras, os fatos vão demonstrando o contrario.
A ciência é o Molóc moderno.
A civilização do bezerro de ouro vai morrer de apoplexia cientifica.
As guerras de hoje obedecem a uma técnica absolutamente cientifica. E duas ou três mais que se repitam, dirigidas como foi a ultima, pelos sábios dos laboratórios de química, física, bacteriologia – não ficará do gênero humano senão ruínas e escombros, destroços e esqueletos de maquinas e de homens.
E, si a guerra ainda não estalou – é de medo de tanta ciência...
O santo precursor da Escola Nova morreu sem conhecer o Molóc da Civilização.
Viu que a sociedade e a sua santa célula – os governos – têm medo do cultivo intelectual, são contra o desenvolvimento cultural das massas e se esforçam por conservar na ignorância as multidões, afim de que, através das crenças religiosas organizadas, um “freio” domestique o rebanho humano.
E, de tal modo, que possam exercer impunemente a tirania e o despotismo do espírito de autoridade contra o direito à Liberdade.
Mas, por outro lado, de certo viu também que o comercio, a industria, os meios rápidos de comunicação obrigam os povos a se prepararem para o assalto à concorrência comercial.
E os governos têm necessidade de melhores operários para melhor posição no mercado de oferta e procura da organização social capitalista.
Daí o desequilíbrio das sociedades modernas – o espírito de autoridade dos dominadores – contra o anseio de liberdade das massas populares oprimidas, de um lado dirigidas pelas consciência livres ou enganadas pelo tartufismo farisaico dos políticos profissionais – à cata posição espetaculosas no cenário do mandonismo, conseguidas à custa de ludibriar as massas com a demagogia da oratória retumbante de palavras e vazia de sinceridade.
E como contra choque, a necessidade econômica e a conquista de mercados a exigir de cada país a formação de um exercito inteligente de operários para suplantar a produção e a industria das outras nações.
Do choque entre a necessidade absoluta da autoridade política e policial para a manutenção do Estado e da necessidade de formação de um proletário capaz e produzir inteligentemente – surgiu a crise moderna e o nacionalismo absolutista.
E’ esse choque terrível que fará ruir a civilização do bezerro de ouro.
Não se pode conceber proletariado inteligente, consciente e escravizado. São duas coisas que se chocam.
Daí a reação tremenda dos tempos modernos: de uma parte o fascismo com todos os horrores da perversidade organizada, a deitar as garras por sobre o gênero humano, dentro do espírito medieval, buscando impor de novo os Autos de Fé e a Santa Inquisição de Igreja.
De outra parte as reivindicações proletárias eivadas de excessos racionalistas para opor um dique à crendice, à ignorância e à superstição.

Livro: Ferrer o Clero Romano e a Educação Laica
Autora: Maria Lacerda De Moura
Paginas: 47 á 52
Ano: 1934

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