Pesquisar este blog

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Contestação Anarquista

Os anarquistas contestam os 10 mandamentos cívicos, lidos pelo Sr. Coelho Neto, na Liga da Defesa Nacional, com 10 mandamentos Internacionalistas:

1°- Ama tua família mais do que a ti mesmo, aos teus companheiros como tua família, a humanidade como grande família de todos os trabalhadores. Não creias em nenhum Deus benfeitor e aprende que a felicidade na Terra depende dos próprios homens. Sê homem antes de ser pátria ou indivíduo.
2°- Considera sentimento mesquinho que vê um brasileiro ser um superior e preferível ao estrangeiro: considera vileza de alma colocar acima de um estrangeiro sério um brasileiro desonesto. Aprende a estimar o homem pelo que ele vale e não pelo idioma que fala ou pela terra em que nasceu. Mas merece um estrangeiro bem que um brasileiro menos bom ou mau.
3°- Considera crime fazeres do Brasil parte da Terra, pomo de discórdia entre brasileiros e estrangeiros. Sabe que o culto à bandeira é um processo indecoroso de Cultivar o egoísmo das massas ignorantes em proveito dos exploradores industriais, banqueiros e políticos, aproveitadores de guerras e profissionais militantes. Repele esse culto com todas as tuas forças.
4°- Não matarás, nem aprenderás a matar, quer dizer, não serás saldado. Só haveria desculpa em matar os homens maus: deverias então começar pelos brasileiros maus. Lembra-te, porém, que os homens são geralmente maus porque é ruim a organização social em que vivem.

5°- Não furtarás, quer dizer, não viverás do trabalho alheio, não defenderás os exploradores, opor-te-ás, sempre, aos exploradores do trabalho alheio. Entre um brasileiro explorador e um estrangeiro trabalhador, ficarás ao lado do estrangeiro.
6°- Considera a lei como um processo antigo dos proprietários para obrigar a massa dos não proprietários a trabalhares como escravos. Lembra-te que o processo humano tem sido feito pelas revoltas constantes contra as leis escravizadoras. A lei não mantém a ordem, mais a opressão. Trabalhe para a extinção de todas as leis e para firmar entre os homens o acordo mútuo entre trabalhadores iguais.
7°- Aprende a não considerar ninguém como seu superior. Aceitar apenas a periodicidade natural da inteligência, da beleza, da capacidade técnica. Rejeitar, porém, dignamente, qualquer superioridade artificial, inventada pelos que te querem dominar.
8°- Não economizes para a velhice ou para garantir o futuro dos filhos. Considera detestável a sociedade em que tal preocupação é necessária e aspira a uma sociedade onde a velhice, a infância, a doença, estejam naturalmente amparadas. Economiza para a coletividade, para os homens, e não faças como os capitalistas, que arrancam da boca dos pobres o recurso e desperdiçam em banquetes e vestuários.

9°- Não consideres ninguém teu hospede; olha para todos os homens como teus irmãos, sócios contigo em toda a terra e em tua própria casa. Repele qualquer sentimento de sobranceria para com qualquer homem; sê irmão e igual a todos.
10°- Não vendas a tua consciência, não defendes o milionário para auferir esmola; levanta-te contra todo explorador, brasileiro ou estrangeiro, incluindo-te no exercito dos oprimidos contra os opressores. Aproveita, a Grande Hora que passa e sê digno da humanidade que exige a tua colaboração.

(Os Anarquistas, distribuídos, Sem data, no Rio de Janeiro)

Nota: “O leitor que estiver de acordo com esses mandamentos, recorte-os, pregue-os num cartão e pendure-os na parede do seu quarto”.
Corajosos e destemidos, os libertários não hesitavam em manifesta-se. Contra nativistas como o escritor Coelho Neto e outros defensores da Guerra 1914-1918.


Extraído:
Livro: Um Século de historia político-social em documentos II
Autor
: Edgar Rodrigues
Editora: Achiamé
Paginas: 40 á 41
Ano: 2007

Nenhum comentário:

Postar um comentário