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domingo, 20 de março de 2011

Conceitos de Pátria

“Para mim, a idéia de nação se dissolve na idéia de humanidade, e não conheço nada mais do que uma Pátria: a luz”.
Vitor Hugo

O que é Pátria?
Eis uma pergunta capaz de forçar diversas respostas, igual número de explicações e uma difícil definição...
Para o elaborador de dicionários é sem dúvida o país onde nascemos marca da nossa nacionalidade.
Mas para os “Mestres” do civismo, Pátria é uma coisa “sagrada” que merece morrer por ela! Milhões de cidadãos sadios, jovens, no vigor da idade, têm dado a vida, matando e morrendo para “defendê-la”. Para essas ilustres personalidades, Pátria quer dizer raça, idioma, nação, orgulho.
A Pátria na concepção mais acanhada atinge um estado de embriagues alienante, chauvinista e sob sua influência o homem chega à prática de grandes desatinos.
Em nome da Pátria declaram-se guerras, e para defender seu pavilhão o berço da nacionalidade, fabrica-se a bomba atômica e de hidrogênio!!!
Exércitos imensos estão permanentemente alerta, dispostos a matar e morrer em defesa de algo que acreditam ser-lhe “sagrado”, a Pátria!
Desde os bancos escolares se aprende a falhar da terra onde nascemos e a cantar hinos nem sempre agradáveis aos gostos musicais da inocência da idade de alfabetização.
A idade de Pátria levada a tais extremos só servidos para armar o braço do homem e levá-lo a grandes demandas, a criminosas aventuras. O nosso século está assinalado por duas grandes guerras e inúmeras batalhas capazes de cobrir o chão de cadáveres, a humanidade consciente de vergonha e, os peitos de certos “heróis”, de empáfia e de medalhas onde só poderia caber o estigma da vergonha e da repulsa!!!
Pátria é a idéia dos privilégios, responsável por uma desigualdade demográfica, de riquezas naturais, de fome e de exploração dos fortes sobre os fracos. Em nome, sob sua proteção, ou melhor, dito, por trás de falsos princípios patrioteiros, montem-se férreos regimes, governos intolerantes, conselhos de segurança, campos de trabalho forçados, manicômios políticos, batalhões de policias especiais para descobrir os “traidores” e prendê-los.
Bilhões de bilhões custam aos cofres públicos, que o mesmo é dizer ao esforço honrado de quem trabalha a sustentação dessa palavra, que em ultima instancia serve para intranqüilizar e dividir os povos irmãos.
“Pátria – afirmou o ilustre pensador - ´w uma bandeira esfarrapada que tem servido para esconder interesses espúrios; é uma filha bastarda de uns poucos egocêntricos que num passe de mágica conseguiram fanatizar povos inteiros e levá-los a esquecer o essencial para defender o supérfluo”.
“A Pátria é uma expressão negativista que só tem servido para dividir os homens, os povos, colocando-os em estado permanente de alerta contra supostos inimigos do outro lado da cerca divisória”.
Nesta ordem, Pátria é por útil, necessária. Indispensável aos fabricantes de armas, que teriam de buscar novas ocupações no dia que os povos não se virem mais como supostos inimigos e, se derem as mãos numa confraternização de irmãos, voltando-se para os princípios e a pratica da solidariedade humana universal, constituindo-se numa grande família, numa aldeia global, mundial.
A terra é uma só, nasceu antes do homem com todas as suas riquezas naturais! Sem fronteiras, marcos ou divisas. A natureza deu-a de graça, ao homem, não lhe exigiu nada em troca!!!
Dividida e fracionada por uns poucos ambiciosos: ganhou formas de desenvolvimento diferentes e distanciou os homens dor idiomas e por interesses.
Na ordem lógica dos universalistas, Pátria é a humanidade, o mundo sem divisas. Para eles é reprovável o orgulho de nacionalidade, diferencias de mentes oportunistas, doentias conceberam e os são princípios reprovam!
Sem a idéia de Pátria não existiam fronteiras, demandas entre atravessadores, e o homens, e os homens poder-se-iam espalhar pelo espaço terrestre de uma forma mais conforme com as necessidades produtivas e de consumo, e desapareceriam algumas das mais sérias desigualdades que mantém os povos em permanentes conflitos sociais.
“Os antropólogos estabeleceram um acordo geral sobre o reconhecimento de que a humanidade é uma só; que todos os homens se permanecem à mesma espécie, “Homosapiens”. É ainda comumente reconhecido e aceito entre antropólogos que todos os homens são provavelmente originários do mesmo tronco ancestral da espécie humana; e que as diferencias existentes em diversos grupos em que as espécies humanas se dividem são divididas, à atuação evolutiva de fatores de diferenciação, como o isolamento, a mutação, a hibridação, a fixação ocasional de partículas de hereditariedade (chamada gens) e a seleção natural. Em conseqüência da atuação desses fatores, vários grupos de diversos graus de estabilidade e diferenciação têm classificados de diferentes modos para diferentes finalidades”.
“A cultura e as realizações culturais dos povos deferem entre si não por causa de diferenciação herdada, mais em conseqüência – das peculiaridades históricas da experiência cultural de cada grupo. O traço que acima de todos mais claramente vem permitindo a evolução mental do homem tem sido sua educabilidade, sua praticidade. Esse caracterísco, por ser inerente à espécie Homosapiens, todo ser humano igualmente possui.
Nenhuma das diferenças que se tem alegado existir entre membros das diferentes “raças” mesmo que acaso se pudesse provar que tinham fundamento, não poderem ter qualquer pertinência nos problemas de organização social e política, de vida moral e de associação entre seres humanos”.
Estamos então diante de dois conceitos de Pátria. Da conceituação de Pátria – política, Pátria – interesses comerciais. Pátria – nação, cantada e ensinada pacientemente, metodicamente nas escolas primarias, secundarias, nas universidades, nos quartéis, nos cursos de civismo apregoados exaustivamente na rádio, na televisão, na imprensa, finalmente por gente de interesses inconfessáveis, da Pátria das guerras e das desigualdades entre os homens!
Do outro lado, baseado nos estudos dos antropólogos e nos conceitos da sociologia humanista, temos a Pátria – humanidade, Pátria – igualdade dos povos que só comporta o sentimento que liga o homem ao lugar onde nasceu através de laços de amizade, às coisas que se habituou a ver e a sentir, às recordações da infância e da adolescência, marcadas por alegrias, tristezas, amor, decepções, carinhos, costumes, tradições, culturas, aos objetos que lembram o curso da vida, episódios para sempre gravados na mente humana.
O autor concluiu com Graça Aranha:
“O gênio humano é universal... A Pátria é o aspecto secundário das coisas, uma expressão da política, a desordem, a guerra. A Pátria é pequenina, mesquinha, uma limitação para o amor dos homens, uma restrição que é preciso quebrar”. Em verdade existe um só homem – a humanidade, uma só nação – o universo!

(Gazeta do Sul, Montijo/Portugal, 30 de Maio de 1981)
Extraido:
Livro: Rebeldias Vol 3
Autor: Edgar Rodrigues
Editora: Opusculo Libertários
Paginas: 44 á 47
Ano: 2005

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