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sábado, 14 de março de 2015

Palavras dos Martires de Chicago

     SAMUEL FIELDEN: "Há em Chicago belos monumentos que evidenciam o progresso e é difícil que passei por uma rua onde não haja produzido algo por minhas próprias mãos. Se julgais que sou convicto por propagar o socialismo, eu não nego. Creio que chegará o dia em que ruínas da corrupção se levantará no mundo emancipado de todas as maldades e de todos os monstruosos anacronismo de nossa época e de nossas intituições caducas. Se quereis minha vida por invocar os princípios do socialismo e da anarquia. Eu a dou contente."

    ALBERTO PARSONS: "Vosso veredicto é o veredicto da paixão. Alimentado pela paixão, realizado enfim pela paixão. E o que é paixão? É a supressão da razão dos elemento de discernimento, de reflexão e de justiça necessários para chegar ao conhecimento da verdade. Não podeis negar. Vossa sentença é o resultado do ódio da imprensa burguesa, dos monopolizadores de capital e dos exploradores do trabalho alheio. Como muito bem disse Fischer, vós nos acusais ostensivamente de assassinos e nos condenais por anarquistas. Pois bem, eu sou anarquista. Que é o socialismo e a anarquia? Breviamente definido: é o direito ao uso livre e igual instrumentos de trabalho e o direito de disporem do produto de seu trabalho. Credes, senhores, que quando nossos cadáveres forem atirados ao montão se acabará tudo? Credes que a guerra social terminará estrangulando-nos barbaramente? Ah! Não. Sobre o vosso veredicto ficará o do povo americano e o do mundo inteiro. Para demonstrar a vossa injustiça e as injustiça sociais que nos levam à força."
     AUGUSTO SPIES: "Ao dirigir-me a este tribunal, começarei com as mesmas palavras que um personagem veneziano pronunciou, faz  cinco séculos, ante o conselho dos dez em ocasião semelhante: 'Minha defesa é a vossa acusação, seus pretendidos crimes são vossa história.' Acusais-me de cumplicidade em um assassinato, apesar de o promotor publico não provar que eu conheço quem atirou a bomba... É a anarquia que se julga? Se assim é, por  vossa honra que me agrada. Eu me sentencio porque sou anarquista. Mais que saiba que no Estado de Illinois oitos homens foram sentenciados à morte, por não perderem sua fé no futuro bem-estar e no triunfo da justiça e da liberdade."
     MIGUEL SCHWAB: "Dizeis que a anarquia esta sendo processada. Calais em uma gigantesca conspiração e me sentenciais à morte por escrever jornais obreiros e pronunciar discursos... O socialismo. Tal como nós o entendemos. Significa que a terra e as maquinas deve ser propriedade comum do povo. Quatro horas de trabalho seria o suficiente para produzir o necessário para todos. É um erro empregar a palavra anarquia como sinônimo de violência."
     OSCAR NEEB: "Encontrastes em minha casa uma bandeira vermelha com um revólver. Provastes que eu organizei associações obreiras; que trabalhei pela redução das horas de trabalho; que fiz quanto pude para voltar a publicar o periódico Arbeiter Zeitung. Eis ai meus delitos. Eu vos suplico: deixe-me participar da sorte de meus companheiros, enforcai-me com eles."
     LUIZ LIGG: "Vós Acusais-me de assassino, mas que provas tendes? Acusais-me de desprezar a lei e a ordem, das quais sois representantes? Está aqui presente o Capitão Schaak. Confessou-me ele que meu chapéu e meu livros desapareceram de seu gabinete, subtraídos por policiais. Eis ai vossos defensores do direito de propriedade. Não! Não é por crime que vós condenais à morte, mas pelo que aqui se disse em todos os tons: é pela Anarquia, porque e pela Anarquia grito sem temor: Sou anarquista! Desprezo-vos. Desprezo vossa ordem, vossa força, vossa autoridade e vossa lei. Enforcai-me."
     ADOLF FISCHER: "Só tenho que protestar contra a pena de morte que me impondes porque não cometi nenhum crime. Porém, se hei de ser enforcado por professar meu ideal anarquista. Por meu amor a liberdade, à igualdade e a fraternidade? Então não tenho nenhum inconveniente, podeis dispor de minha vida... Grande é verdade e a verdade prevalecerá."

     JORGE ENGEL: " Pela primeira vez compareço ante um tribunal. E me acusam de assassino. Em que consiste meu crime? Em haver trabalhado pelo estabelecimento de um sistema social, no qual seja impossível uns amontoarem milhões e outros caírem na degradação e na miséria. Tudo mais desprezo: desprezo o poder de um governo iníquo, seus policiais e seus espiões."

     Palavras da mãe de Lingg: "Eu também, como sabeis, lutei duramente para ter pão para ti e teus irmãos, e tão certo é como agora existo que depois de tua morte estarei orgulhosa de ti, como estive durante toda a sua vida. Declaro que, se fosse homem, faria o mesmo que tu."

     Da tia de Ligg: " Querido Luis! Sueeda o que sueeda, ainda que seja pior, não te mostre débil ante esses miseráveis. "

     Da esposa de Parsons: "Se de mim depende que Alberto peça perdão, que enforquem." ¹

¹ O Protesto, Porto Alegre, Rio Grande do Sul, maio de 1968.

Extraído:
Livro: Nova Aurora Libertaria (1945 - 1948)
Autor: Edgar Rodrigues
Pagina: 212 á 213
Editora: Achiamé

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