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domingo, 22 de abril de 2012

O EDUCADOR REVOLUCIONÁRIO

Uma das cartas particulares de Ferrer traduz admiravelmente esse pensamento:

“Como é notório, a criança nasce sem ideia alguma preconcebida (1), e durante o transcurso de sua vida, vai-se empapando das ideias dos que a rodeiam, modificando-as depois, de acordo com sua cultura, suas observações, relacionando-as com as circunstancias. Daqui se deduz claramente que si a criança for educada em ideias positivas e verdadeiras sobre todas as coisas, e, si se lhe ensina que, para evitar o erro, é indispensável que não aceite nada pela fé, senão aceite tão só o que a ciência possa demonstrar, a criança crescerá aguçando seus poderes de observação e com aptidões para toda classe de estudos... Educar as crianças, livres de too prejuízo, e publicar as obras necessárias para esse propósito... Tal é o objeto da Escola Moderna. O valor da educação estriba-se no respeito á vontade física, intelectual e moral da criança. O verdadeiro mestre será o que abstenha de impor sua própria vontade, suas próprias ideias, e apele, cada dia mais, para as energias da própria criança.” (La Ragione – Roma).

Os princípios da Escola Moderna constituem a expressão mais alta e profunda da verdadeira educação: “Têm por objeto, segundo seus estatutos, fazer penetrar efetivamente no ensino e em todos os países, as ideias de ciência, liberdade e solidariedade.Buscar desenvolver os métodos mais apropriados à Psicologia da criança, que permitem obter os melhores resultados com a menor fadiga possível”.
“A educação moral, menos teórica que pratica, há de dar-se principalmente com o exemplo e há de basear-se na grande lei natural da solidariedade.”

Esse é o verdadeiro espírito da obra educacional de Ferrer: nenhum sectarismo, nenhum estreiteza partidária, a mais leve sombra de preleção por escolas ou filosofias, amplitude de vistas e o respeito consciente à liberdade individual e ao desabrochar da razão na criança. Do primeiro numero de École Rénovéee (15 de abril de 1908) destacamos os seguintes períodos escritos por Ferrer e que atestam bem alto, os propósitos desse grande educador que soube tão bem indicar as veredas para o respeito à consciência livre e para as homenagens da educação verdadeira à dignidade humana representada pela razão.

“Seguiremos com a maior atenção os trabalhos dos homens de ciência que estudam a criança e nos esforçaremos em procurar os meios de aplicar suas experiências á educação que queremos instituir, no sentido de uma liberação cada vez mais completa do individuo.

Podemos desfazer tudo o que na escola atual corresponde à organização da disciplina, os meios artificiais nos quais as crianças permanecem afastadas da Natureza e da vida; a disciplina intelectual e moral que se emprega para lhes impor ideias completamente feitas, crenças que depravam e aniquilam a vontade.

Sem medo de nos enganarmos, podemos restituir a criança ao meio por ela solicitado, meio natural no qual estará em contacto com tudo que lhe dá prazer e onde as impressões da vida substituirão as fastidiosas lições de palavras. Si nada mais fizermos senão isso, teremos já preparado, em grande parte, a liberação da criança.

“Prefiro a livre espontaneidade de uma criança que nada sabe, à instrução verbalista e à deformação intelectual de uma criança sofreu a educação atual.”

“Concebemos escolas nas quais as crianças podem desenvolver-se ditosas e livres, segundo as suas aspirações.”
“Chamaremos em nosso auxilio a todos os que queiram conosco a liberação de criança, todos os que aspirem a contribuir para isso e para a formação de uma humanidade mais bela e mais forte.”

“Estamos certos de que nos ajudarão em nosso labor todos aqueles que lutam, em toda parte, pela liberação humana dos dogmas e sustentam a iníqua organização social vigente.”

E’ esse grande educador que um monstruoso processo e consequente condenação á morte o apresenta como dinamiteiro vulgar, atirador de bombas....

(1) E’ uma opinião pessoal de Ferrer e de outros educadores, Isso não é exato. Todos os educadores verificam que a criança aceita passivamente tudo quanto à educação lhe vai inculcando e parece ao educador que a sua mente é a cera dócil que recebe o ensino e o exemplo. Entretanto, entes mesmo do período da adolescência os desenganos não tardam. E a criança revela características hereditárias e sua maneira própria de ser, bem vezes absolutamente contraria a todo ensinamento recebido.

Livro: Ferrer o Clero Romano e a Educação Laica
Autora: Maria Lacerda De Moura
Pagina: 15 á 20

A Ano: 1934

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