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domingo, 8 de abril de 2012

Ferrer- apostolo da não violência

A violência é a razão da ignorância, dizia Ferrer. E, no opostolado da instrução popular racional, cientifica, paladino da Escola Nova, percussor e sonhador impertinente, optimista mal grado todos os escolhos semeados no seu destino, perseguido e sacrificado, esteve sempre à altura de um estoicismo heroico de resistência à reação

Ao alto a consciência!... Nem uma das acusações feitas ao grande educador tem fundamento: - O clero só pode formular acusações injustas.

Ferrer era contrario às revoluções parciais, às revoluções políticas, Simples mudanças de instituições ou trocas de donos... Revoluções feitas pelos revolucionários superficiais – “quase sempre vitimas dos mesmos prejuízos dos seus adversários”.

Morral, o autor do atentado aos noivos reais, o que atirou a bomba, escrevia um agitador russo, pouco tempo antes do atentado, a carta de que extraímos este trecho: -“Não tenho nenhuma fé em Ferrer, nem em Tarrida, nem em Lorenzo, porque são criaturas fracas que julgam que nada se pode fazer senão por discursos”.

E’ a prova de que Ferrer era julgado pelos próprios companheiros de ideias Como incapaz de basear os seus gestos num ato de violência.

Outras prova da atitude de não-violência de Ferrer esta na carta por ele dirigida a Mlle. Henriette Meyer. Ao convida-la para assumir a direção da Escola Moderna de Barcelona, a professora francesa recusa-se, pretextando não poder ausentar-se de Paris, porquanto presidia o Comitê contra a pena de morte. Ferrer lhe responde: “Para Transformar a maneira de ser da humanidade, não compreendo que haja coisa mais urgente do que o estabelecimento de um sistema de educação, tal como o conhecebemos, e que, dando frutos, facilitará o processo, e tornará a conquista de toda ideia generosa muito mais fácil. Eis porque me parece que trabalhar agora pela abolição da pena de morte e para a Greve Geral, sem saber como havemos de educar os nossos filhos, é começar pelo fim e perder tempo”.

O problema educacional para Ferrer era fixa.

No Carcere Modelo, onde estivera sete meses consecutivos, e estava certo de permanecer ainda muito tempo, tem uma frase digna do apostolado de Gandhi, da suprema resistência ou da Não-violencia estoica:

“Todos pensam que eu serei absorvido, mas Becerra Del Toro (o procurador geral) declara que quer a minha cabeça, porque julga que eu estava fato das intenções de Morral. Quem poderá dizer quem será o vencedor: a verdade ou o Becerra Del Toro com os seus Jesuitas? E’ preciso notar: não me queixo, porque, quanto mais tempo estiver preso, mais desenvolverá o movimento em favor da Escola Moderna, e é isso mesmo o que quero.” (Carta a Willian Heaford, da Liga Internacional para a Educação Racional da Infância).
Basta o seguinte período escrito por Ferrer para provar à sociedade a sua convicção de educação contra a brutalidade da força e a inutilidade da violência:

“Si em vez de acaudilhar massas, as educamos, buscamos, impulsionamos e dirigimos os demais para o fogo esplendoroso da razão, - assinalamos o verdadeiro fim da humanidade, Buscamos, proporcionamos e distribuímos a ciência dos sabios, como único armamento para as suas rebeliões.”

Nunca Ferrer aconselhou nem pregou a violência.
Estando na imprensa o livro de J. Mc. Cabe (the martyrdom of ferrer) Londres, Watts e C.°), apareceu em um dos números de The Nineteenth Century correspondente ao mês de Novembro daquele ano, um artigo de A. Naquet em torno de Ferrer. O notável pensador frencês defendia a violência como o único meio possível para a supressão dos adusos cometidos em países como a Russia e a Espanha. Entretanto, dizia de Ferrer:

“Os fracassos consecutivos de quantas conspirações espanholas se haviam forjado e seus estudos mais profundos das lutas domesticas que haviam arruinado a Republica espanhola de 1873, imprimirão nova direção as suas ideias políticas. Chegou á conclusão de que o emprego da violência é inútil, e que, apesar da sua aparente rapidez, é, no fim, o método mais lento. Sem chegar a aceitar a doutrina da resignação nem a teoria da resistência passiva de Tolstoi – estava longe disso – acreditava que o caminho mais curto e seguro para o progresso consiste em transformar pacificamente, mediante a educação, as concepções de nossos contemporâneos.”

Dentre a documentação desse livro inglês há mais o testemunho de Oddo Marinelli (La Ragione, Roma, 10-10) afirmando que Ferrer, em 27 de maio de 1907 escrevera da sua cela, no cárcere, a um grupo de jovens de Barcelona, o seguinte:
“Não joguemos com palavras. Liberais, republicanos, anarquistas... São só palavras das quais devemos fugir, nós que marchamos de todo coração para o ideal da regeneração humana.”

Acrescenta Cabe em seu livro documentado:
“Um distinto anarquista me disse:

Para os republicanos, era um anarquista; para os anarquistas, era um republicano. “E’ a mais exata definição de sua posição política.”

E a prova é que Ferrer chamou em seu auxilio para o programa cultural da Escola Moderna – os cientistas mais eminentes, os sábios e pensadores mais notáveis da Europa, a serie dos livros editados especialmente para escola racionalista e os nomes que os subescrevem atestam a altura dos ideais pedagógicos desse mártir do ensino livre de muletas civis ou religiosas, livre de quaisquer “ismos” – porque o educador não tem o direito de violar a razão humana através da escola e nem lhe assiste o direito de impor as suas ideias ou as suas predileções políticas ou sociológicas.

Livro: Ferrer o Clero Romano e a Educação Laica
Autora: Maria Lacerda De Moura
Pagina: 07 á 14

Ano: 1934

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