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quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Sementeira algébrica

Quem de três tira noventa
Adivinhem quanto fica?
Esta conta é que atormenta
Quem enfeza que mortifica
Os pobres dos proletários
Neste jogo de entremez;
Ganham seis mil réis diários,
Gastam trezentos por mês...

Custa a casa cento e tanto,
O sapato custa trinta,
Roupa, nem se sabe quanto...
O vendeiro não se finta...
Médico, farmácia, pouco
Só mesmo ficando louco
Com pensão no Juqueri!

A feira, só para os ricos,
O armazém só para os ricaços;
Se houvesse ao menos uns “bicos”,
Tivéssemos quatro braços...
Trabalhava-se o dia inteiro,
À noite cai-se no chão;
Esta vida sem dinheiro
Não é de home é de cão!

No entanto, pelas vitrines
Ardem braseiros de jóias;
Nas vilas arrabaldinas
Há digestões de jibóias;
Autos passam buzinando,
Levam o luxo a cantar;
E os pobres ficam, num bando,
Pelas sargetas, sem lar... (1)
(1) De “A Plebe”, publicado sem assinatura em 1924. Anteriormente, apareceu num volante

Extraído:
Livro: Nacionalismo e Cultura Social
Autor: Edgar Rodrigues
Editora: Laemmert
Ano: 1972
Paginas: 214 á 215

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